MEU REFRÃO
Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Já chorei sentido
De desilusão
Hoje estou crescido
Já não choro não
Já brinquei de bola
Já soltei balão
Mas tive que fugir da escola
Pra aprender essa lição
Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
O refrão que eu faço
É pra você saber
Que eu não vou dar braço
Pra ninguém torcer
Deixa de feitiço
Que eu não mudo não
Pois eu sou sem compromisso
Sem relógio e sem patrão
Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Eu nasci sem sorte
Moro num barraco
Mas meu santo é forte
E o samba é meu fraco
No meu samba eu digo
O que é de coração
Mas quem canta comigo
Canta o meu refrão
Quem canta comigo
Canta o meu refrão
Meu melhor amigo
É meu violão
Chico Buarque
1965
NOTA
POR HUMBERTO WERNECK
"O ator Hugo Carvana e o diretor Antônio Carlos Fontoura haviam se encantado com Morte e vida severina e imaginaram um show só com música de Chico Buarque, que seriam cantadas também por Odette Lara e pelo MPB-4. Chamou-se Meu refrão e estreou em julho de 1966 na boate Arpège, do pianista Waldir Calmon, no Leme.
Foi um enorme sucesso e ficou meses em cartaz. É dessa ocasião o primeiro entrevero de Chico com a censura. Uma das dezesseis músicas do show, Tamandaré, foi proibida como ofensiva ao patrono da Marinha. Nunca chegou a ser gravada. Era uma brincadeira com o Almirante Joaquim Marques Lisboa, cuja efígie adornava as desvalorizadas notas de um cruzeiro.
Para que o programa não ficasse desfalcado, Fontoura pediu a Chico que compusesse outra música, a ser cantada em dueto com Odette Lara. 'Foi assim que ele fez Noite dos mascarados, em cinco dias', revela Odette.
A cantora e atriz se lembra também do suspiro feminino que em uníssono subia da platéia mal Chico entoava o primeiro verso de Olê olá. 'Eu e o MPB-4, na meia-luz do palco, começávamos a rir, e Chico esperava passar o suspiro para continuar', conta.
Lançada num compacto no final de 1965 junto com Olê olá."
MEU REFRÃO
CHICO BUARQUE
1965
1965