Meados dos anos 1980. O coronel Luiz Helvecio da Silveira Leite relatou como foi planejada, no Centro de Informações do Exército (CIE), uma ofensiva aos comunistas durante os anos de chumbo: "Definimos qual era o campo mais fraco e decidimos que era o setor do teatro. Em seguida, começamos a aporrinhar a vida dos comunistas nos teatros. A gente invadia, queimava, batia, mas nunca matava".
As ações, segundo ele, eram realizadas por majores, capitães, tenentes e sargentos, além de civis. O depoimento está no livro A Ditadura Envergonhada, primeiro volume da série As Ilusões Armadas, de Elio Gaspari.
Em 1968, ano em que a ditadura endureceu a repressão, o chamado Comando de Caça aos Comunistas (CCC) liderou um ataque ao Teatro Leopoldina, em Porto Alegre.
Era a noite de estreia de uma temporada de 27 dias da peça Roda Viva, escrita por Chico Buarque e dirigida por José Celso Martinez Corrêa.
Militares à paisana se infiltraram em meio aos espectadores que lotaram o teatro.
Antes da peça, um panfleto conclamava os gaúchos a se erguerem "contra aqueles que, vindos de fora, nada mais desejam senão violentar a tua família e as tuas tradições cristãs, destruindo-as".
Na manhã seguinte, a fachada do teatro apareceu pichada: "Chega de subversão" e outras palavras de ordem contra a "pornografia" e contra os "comunistas" estavam nas paredes. Dois atores foram sequestrados e espancados e a peça foi proibida e a temporada cancelada.