por enilton grill
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pelotas
rio grande do sul
brasil
numa madrugada de janeiro de 2012, morreu, na espanha, manuel fraga iribarne, ministro de francisco franco. fraga morreu em sua casa, na cama e em paz, como morrem, na espanha, os cúmplices do terror. 'de todas las historias de la historia / la más triste sin duda es la de españa / porque termina mal', profetizou muitas décadas atrás o poeta jaime gil de biedma. e a espanha hoje está mergulhada numa profunda crise, talvez a maior de toda sua história.
rio grande do sul
brasil
2013, 16 de março
numa madrugada de janeiro de 2012, morreu, na espanha, manuel fraga iribarne, ministro de francisco franco. fraga morreu em sua casa, na cama e em paz, como morrem, na espanha, os cúmplices do terror. 'de todas las historias de la historia / la más triste sin duda es la de españa / porque termina mal', profetizou muitas décadas atrás o poeta jaime gil de biedma. e a espanha hoje está mergulhada numa profunda crise, talvez a maior de toda sua história.
manuel fraga foi o braço mais à direita de francisco franco. após sua morte, no entanto, não faltaram notáveis discursos enaltecendo sua contribuição para a democracia, seu compromisso com o povo espanhol e seus pensamentos nobres.
seguramente esqueceram que manuel fraga foi ministro de informação e turismo - o goebbels de franco - de 1962 até 1969. certamente esqueceram também que participou de intermináveis atos repressivos que culminaram com a prisão, o exílio e a morte de cidadãos que se opunham à ditadura de franco. entre eles, julián grimau, sindicalista espanhol.
grimau esteve junto às barricadas na guerra civil espanhola. era comunista e foi fuzilado pela ditadura franquista, em meio a um clamor internacional contra a sua execução. à época, tomada de indignação, a chilena violeta parra escreveu uma canção em homenagem a grimau e deixou uma interrogação no ar: ¿que dirá el santo padre / que vive em roma / que le están degollando a sus palomas?.
a resposta queimou em fumaça preta.
grimau esteve junto às barricadas na guerra civil espanhola. era comunista e foi fuzilado pela ditadura franquista, em meio a um clamor internacional contra a sua execução. à época, tomada de indignação, a chilena violeta parra escreveu uma canção em homenagem a grimau e deixou uma interrogação no ar: ¿que dirá el santo padre / que vive em roma / que le están degollando a sus palomas?.
a resposta queimou em fumaça preta.
agora, o mundo católico está em ebulição. habemus papam. ele é argentino e é o primeiro latino-americano da história da igreja católica romana. além disso, o novo chefe de estado do vaticano é também o primeiro jesuíta e o primeiro a escolher o nome de francisco, um nome carregado de simbolismo.
'irmãs e irmãos, boa noite', foram as primeiras palavras de francisco. 'como sabeis, o dever do conclave era dar um bispo a roma, parece que foram buscá-lo quase ao fim do mundo'. depois, entre os aplausos e a aclamação, francisco pediu 'um caminho de fraternidade, de amor e de confiança'. por fim, pronunciou a sua primeira benção urbi et orbi (à cidade de roma e ao mundo). e foi dormir em paz. como dormem os que silenciam em nome de deus.
'o mundo está dividido entre os indignos e os indignados', já disse eduardo galeano sobre a atual crise na espanha.
e o que dirá o santo padre a respeito dos mortos e desaparecidos na ditadura de seu país?
ele disse que não sabia, que quando soube já era tarde e já nada podia fazer.
perdão! mas o papa falta com a verdade:
os mortos estão no fundo do rio. alguns francisco entregou e outros fez que não viu.
ele disse que não sabia, que quando soube já era tarde e já nada podia fazer.
perdão! mas o papa falta com a verdade:
os mortos estão no fundo do rio. alguns francisco entregou e outros fez que não viu.