NEIL YOUNG & BOB DYLAN
II
NEIL YOUNG
A AUTOBIOGRAFIA
BY NEIL YOUNG
HOW MANNY TIMES MUST a white dove sail before she sleeps in the sand?
Quantas vezes uma pomba branca precisa voar antes de adormecer sobre a areia?
A primeira vez que ouvi Bob Dylan foi em Winnipeg, por volta de 1963. Estava pensando em como ir para os Estados Unidos, e alguns amigos tinham me falado sobre um emprego numa ferrovia. Em seguida, visitei esse pessoal. Eles estavam sentados, ouvindo um álbum que eu não conhecia.
Um cara estava cantando, tocando gaita e violão. Todos nós escutávamos, captando as palavras. Havia algo diferente ali, na forma como soava. Achei que aquilo era folk, mas não como a música do Kingston Trio.
Comecei a ouvir Bob, mais e mais. Um dia, ele surgiu nas caixas de som do meu rádio perguntando 'How does it feel?' mais e mais vezes. As letras, essa nova poesia que deslizava de sua língua, entravam com força na minha mente.
Ele falou por muitos de nós sem saber. Eu me senti conectado a ele por um momento. Isso foi em Toronto, em 1964 ou 1965. Bob deixou sua marca. Evitei ouvi-lo por um longo tempo no final dos anos de 1960 e meados de 1970, por medo de assimilá-lo tanto a ponto de copiá-lo sem querer.
Era algo consciente evitar influências excessivas. Sou como uma esponja quando gosto de algo, fico tão influenciado que quase passo a 'ser' a minha influência.
Um dia, finalmente consegui pegar a gaita sem medo de copiar Bob, apenas me sentindo influenciado por ele. As letras de Dylan fazem parte da paisagem, como os nomes dos países sobre um mapa. Ouvi algumas pessoas querendo imitá-lo e jamais gostei.
Quando ouvi Bob pela primeira vez, lá em 1963, estava me acostumando a ser independente, procurando um motivo para ficar em Winnipeg e um motivo para me mudar. Foi muito difícil deixar aquele lugar. Fui até a estação ferroviária e não consegui o emprego.
Achava que trabalhar na ferrovia seria uma boa maneira de sair da cidade e chegar aos Estados Unidos. Não podia ir lá e dizer: 'Vou escrever canções e tocar minha guitarra'.
Havia um americano que já sabia fazer muito bem esse trabalho, estávamos falando dele agora há pouco. É preciso ser único para conseguir um visto. Fazer algo que ninguém mais pode fazer.
Não conseguia achar uma saída...