segunda-feira, 8 de outubro de 2012



MUDEI DE ESTRELA E ABRACEI O SOL


 POR ENILTON GRILL


República Federativa do Brasil. 2002. Era plantada uma flor vermelha no coração do povo brasileiro. Flor, no sentido de renascimento. Vermelha, porque essa é a cor histórica da luta pela igualdade e pela liberdade.

Vermelho era a cor da Paris revolucionária de 1789. Vermelho era a cor da burguesia enquanto foi revolucionária. Assim como liberdade, igualdade e fraternidade foram suas palavras de ordem para convencer o povo a morrer por ela. 

Nasce de vez em quando uma rosa vermelha no coração do povo. Quase sempre morre esmagada, porque a elite é forte, inteligente e envolvente. E, ás vezes, violenta e sanguinária. Sangue vermelho. Meados da década de 30: Mais de 1 milhão de mortos por falta de armas na Guerra Civil Espanhola. Martirizado Chile de 73. O Brasil ajoelhado e sem resistência de 64. 

Faz tempo uma rosa vermelha quer nascer no coração do povo do Brasil. No início da década de 60 ela foi arrancada, cortada, ceifada. A rosa foi esmagada pelos tanques e coturnos. Em 2002, a rosa vermelha foi mais um vez plantada. Mas a semente estava vencida e o terreno infestado de erva daninha. A rosa murchou e o vermelho desbotou. A semente não germinou. A estrela apagou.

Que fizesse a reforma agrária e a distribuição de renda. Que resistisse aos banqueiros, ao FMI e a todos os organismos financeiros que dominam o mundo. Sobretudo, que resistisse aos Judas. Àqueles que tentariam convencê-lo a trair o povo e a sua sofrida e bonita história de vida. Que fosse o líder coerente e cheio de coragem tão esperado por todos nós. Que fizesse a rosa vermelha nascer. Que não tivesse medo de ser feliz.

Nada disso aconteceu. E por isso mudei. Pra manter a chama acesa, mudei de estrela e abracei o sol.