quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012



CAETANO VELOSO


POR HAROLDO DE CAMPOS

O que ele fez, faz, está fazendo para ou pela ou com a música popular não há mais quem ignore. Ele explodiu a canção, levando-a a caminhos jamais palmilhados entre nós. Revolução. Depois da Bossa Nova (um movimento "jóia"), Tropicália (um movimento "qualquer coisa"). Proibido proibir: sons em liberdade. Navegar é preciso: o deconhecido. Tudo comer: antropofagia. Metapoesia e metamúsica: nos discos e nos shows, a melhor crítica-em-ação da música popular feita e por fazer. Mas é impossível pensar Caetano apenas como "músico popular", por mais que a isso deva induzir uma História da Música Popular Brasileira. "Nem todos sabem cantar. Não é dado a todos ser maçã para cair aos pés dos outros" - cantou o bardo Iessiênin. Nos discos de Caetano - o poeta-cantor - até o vento canta-se, compacto no tempo. Quem vai dizer onde termina a música e começa a poesia?
Haroldo de Campos