PROCISSAO DOS RETIRANTES
Terra Brasilis, continente
Pátria-Mãe da minha gente,
Hoje eu quero perguntar:
- Se tão grandes são teus braços,
Por que negas um espaço
Aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão!
Lavradores nas estradas
Vendo a terra abandonada
Sem ninguém para plantar
Entre cercas e alambrados
Vão milhões de condenados
A morrer ou mendigar
Eu não consigo entender
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão!
No Eldorado do Pará
Nome indio: Carajás
Um massacre aconteceu.
Nesta terra de chacinas,
Essas balas assassinas
Todos sabem de onde vêm
É preciso que a justiça
E a igualdade sejam mais
Que as Palavras de ocasião.
É preciso um novo tempo
Em que não seja só promessa
Repartir a terra e o pão
(a hora é essa de fazer a divisão!)
Eu não consigo entender
Que, em vez de herdar um quinhão,
Teu povo mereça ter
Só sete palmos de chão!
Pátria amada do Brasil,
De quem és, ó mãe gentil?
Eu insisto em perguntar
Dos famintos das favelas
Ou dos que desviam verbas,
Pra champagne e caviar?
Eu não consigo entender
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão!
Letra: Martim César
Música: Pedro Munhoz
PROCISSAO DOS RETIRANTES