quinta-feira, 19 de janeiro de 2012



 ELIS REGINA

"A coisa mais importante do mundo é a minha casa!”


(1945•1982)


A platéia gritou histérica quando Elis levantou e girou os braços ao redor de si mesma, como se fosse um helicóptero, enquanto cantava “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Era a primeira vez que aparecia para o grande público, no I Festival da TV Excelsior, em 1965, mas a julgar pelo comportamento da platéia, tudo levava a crer que ela fosse uma estrela consagrada.

Apesar de ter apenas 20 anos, Elis Regina de Carvalho Costa era uma veterana, pois já cantava havia pelo menos seis anos. A gaúcha de Porto Alegre que começou a cantar nas rádios aos 14 anos, era chamada de Pimentinha por Vinícius de Moraes, e de Hélice, mas preferia o merecido apelido de “A Voz do Brasil”.

Considerada uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, nunca houve uma intérprete com tanto carisma. As interpretações apaixonadas, a enorme popularidade, o temperamento explosivo e a morte prematura, aos 36 anos, por overdose de cocaína e álcool, fizeram de Elis um mito. Sua relação com as drogas foi rápida e fulminante. Assim como sua carreira.

Em pouco menos de 20 anos, gravou 31 discos com o melhor que a MPB já produziu. São clássicas na voz de Elis as gravações de “Como Nossos Pais”, de Belchior, “Travessia”, de Milton Nascimento, e “Águas de Março”, de Tom Jobim. A carreira internacional só não vingou porque a estrela não suportava ficar muito tempo longe do Brasil.

No Olympia, em Paris, voltou ao palco seis vezes atendendo aos pedidos de bis da platéia. Com os dois maridos, os músicos Ronaldo Bôscoli e César Camargo Mariano, teve relacionamentos conturbados. Mas cuidou intensamente dos filhos – João Marcelo, do primeiro casamento, e Pedro e Maria Rita, do segundo – enquanto pôde.

Amada e idolatrada. Preocupada com as pessoas, Elis deixou saudade. Sua morte repentina, em janeiro de 1982, chocou o Brasil. “Não tenho tempo para desfraldar outra bandeira que não seja a da compreensão, do encontro e do entendimento entre as pessoas”, disse Elis, poucos meses antes de sua morte.