sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012



 PAULINHO DA VIOLA


POR EDUARDO COUTINHO


Paulinho da Viola é um dos compositores que melhor representa a visão da tradição como algo em movimento, como “herança viva”, porque ao mesmo tempo em que é o grande herdeiro do samba e do choro – de Pixinguinha, Cartola, Nelson do Cavaquinho –, também dá uma roupagem nova a esses gêneros. Dizer que Paulinho reconstrói a tradição significa dizer que o tempo passado se faz presente em sua obra; não como algo cristalizado e sem vida, mas como algo em permanente mudança. O passado resgatado tem importância na medida em que diz aos interlocutores atuais alguma coisa sobre o presente e desta forma garante projeção ao futuro. Nesta perspectiva, a tradição se constitui como um projeto consciente de transformação da realidade, isto é, como práxis criadora. Esta parece ser a idéia contida nos versos de um de seus sambas: “Meu pai sempre me dizia/ Meu filho toma cuidado/ Quando penso no futuro/ Não esqueço meu passado” (“Dança da solidão”).