sábado, 18 de fevereiro de 2012



 CHICO BUARQUE


POR ISMAEL SILVA


Chico é samba. É o nosso samba. Ele é meu fã. Já me citou em reportagens e mesmo em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som, quando expôs suas preferências por compositores. Ele diz que é meu aprendiz; tenho uma dedicatória dele afirmando isso, num disco. Cada um tem seu estilo, mas o que Chico faz não deixa de ser samba, e por isso é bem aceito.Musicalmente conheci Chico com 'A banda', que me chamou a atenção. Já o nosso conhecimento pessoal teve detalhes interessantes. Eu tinha marcado um encontro em sua casa com alguma antecedência, e, no dia, antes de pegar a condução, resolvi telefonar. Liguei para lá e ninguém atendeu. Fiquei sem entender. Quinze minutos depois, resolvi telefonar outra vez. Aí ele estava e disse: 'Pode vir, estou esperando.'  Já era mais de onze da noite e eu estava meio preocupado porque não sabia de seus costumes e pensei que ele ia receber só por gentileza. Mas foi tudo muito diferente do que eu pensava. Quando cheguei lá, a casa estava cheia de moças e rapazes, e então fiquei sabendo por que ninguém havia atendido o telefone, da primeira vez. Chico explicou que pouco antes tinha se realizado o casamento de Nara Leão, que ele fora assistir. Deixou o casamento de Nara para me esperar. Disse ainda: 'Quando eu saí e disse que vinha me encontrar com você, essa gente toda me acompanhou, para te ouvir'. Aí, nessa reunião, gravei várias músicas, a pedido dele. Mas o importante mesmo foi quando ele cantou e me ensinou, ao vivo, as coisas lindas de seu trabalho.
Ismael Silva