terça-feira, 1 de março de 2016



saravá, dorival!

para caiuá, que deu o nome e o incentivo que faltava.

2002. pedro munhoz me enviou um e-mail pedindo que eu entrasse em contato com daniel viglietti, para intermediar sua participação na semana nacional da cultura brasileira e da reforma agrária, no rio de janeiro.
 
então, foi o que fiz.

eu já sabia que daniel diria sim.

um ano antes eu o tinha entrevistado e uma das perguntas que fiz foi o que faltava a ele fazer que ainda não tinha feito. e ele respondeu que queria muito fazer alguma coisa (qualquer coisa) com os sem terra.

o autor de "a desalambrar" só fez uma exigência: a de que eu fosse junto. e foi o que fiz.

mesmo indo de ônibus cheguei antes do uruguaio que foi de avião. fui recebê-lo no aeroporto do galeão e lá mesmo tentamos um contato com chico. chico buarque. daniel deu a ideia de convidá-lo para participar da semana. teríamos conseguido não estivesse chico na itália.

não faz mal. não tinha chico mas tinha dorival.

no dia seguinte daniel e eu nos encontramos nos corredores da uerj e assistimos juntos aos debates e palestras. depois, à noite, na concha acústica, eu apontei para juliana caymmi, neta de dorival. eu não a conhecia e daniel queria conhecê-la. alguém teria que se apresentar e apresentá-la. e foi o que fiz.

depois do show, numa pequeníssima sala improvisada de camarim (e cheia de gente), eu me apresentei à neta do dorival, apontei para o daniel e disse a ela quem ele era. desnecessário. ela já o conhecia. seu avô alguma vez já tinha falado no nome dele para ela e o marido dela conhecia mais dele do que provavelmente eu mesmo.

ao nos despedirmos daniel deu um cd seu autografado para que ela entregasse a seu avô. e foi o que ela fez.

no dia seguinte, quando nos cruzamos com juliana, ela vinha com um cd do dorival autografado para o daniel. nos olhamos surpresos. quando penso em dorival, penso na bahia. ele estava no rio. em copacabana.

daniel agradeceu o cd, conversamos um pouco e nos despedimos.  juliana ainda estava por perto quando daniel me puxou para um canto e pediu que eu tentasse com ela um encontro dele com o avô dela. e foi que fiz.

ela argumentou que teria que falar com a sua avó pois o seu avô estava passando por alguns problemas de saúde...

o encontro foi marcado com duas condições:

uma a de que fosse um encontro rápido, bastante rápido, não mais que meia hora. nada mais nem nada de mais.  afinal, dorival convalescia.

a outra condição não foi uma condição foi uma pergunta. daniel perguntou se eu poderia ir junto. sim, claro que sim.

dessas coisas que não dá para explicar. passou uma hora. mais meia hora. e mais outra hora. perdemos a hora. já era quase noite quando fomos embora.

hoje é tudo muito rápido. parece que foi ontem. mas não. olhando a foto eu não sou mais o que era e não há mais dorival.

que pena. todo mundo tem pressa. eu tenho saudade. aquela tarde passou depressa. e eu nunca mais tive outra igual.

saravá, dorival!