sexta-feira, 18 de abril de 2014


De 'Gabito' 
a Gabo García Márquez 


Por Enilton Grill


Referência indiscutível do realismo mágico latinoamericano e mestre do jornalismo, escritor colombiano e Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez nasceu na caribeña Aracataca ao pé da serra de Santa Marta, lugar onde sua mãe chegou sozinha, pois seu pai havia jurado não voltar lá. O sogro reprovava a relação e conspirava contra. Mas o pai de Gabo voltou. Diante do desejo de ver o filho, a palavra dada, a palavra jurada, não valia nada.

"Nunca, en ninguna circunstancia, he olvidado que en la verdad de mi alma no soy nadie más ni seré nadie más que uno de los 11 hijos del telegrafista de Aracataca", disse certa vez Gabo, referindo-se a seu pai Gabriel Eligio García Martínez.

Apesar da idolatria que nutria pelo pai, sua infância transcorre sob a tutela de seus avós, Nicolás Márquez y Tranquilina Iguarán Cotes, que lhe mostram - sem sair do lugar - o mundo onde o fantástico acontecia a toda hora. Era em Aracataca, um lugar pequeno e perdido do mapa da Colômbia, de vegetação exuberante e repleto de personagens que mais tarde readquiririam vida nos livros de Gabo e marcariam sua obra literária para sempre.

Quando seu avô morre em 1936, o pequeno Gabo é enviado a estudar em Barranquilla. Depois, em Bogotá, onde estuda direito e ciências políticas na universidade nacional da Colômbia. Mas abandona o curso antes da graduação. Em 1948 vai para Cartagena das Índias, Colômbia, e começa seu trabalho como jornalista. E mais tarde, ganha o mundo.

"Gabito" passou a infância ouvindo as histórias do avô e a juventude ouvindo contos das Mil e Uma Noites; sua adolescência foi marcada por livros, em especial A Metamorfose, de Franz Kafka. Ao ler a primeira frase do livro, "Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso", pensou "então eu posso fazer isso com as personagens? Criar situações impossíveis?".

E então "Gabito" torna-se Gabo - o García Márquez já maduro que escolhe viver longe de seu país natal e que em 1982 ganha o Prêmio Nobel de Literatura por seus relatos sobre as desventuras de um pequeno lugar chamado Macondo.