quinta-feira, 5 de julho de 2012


DISSE UM POETA A UM CANTOR



PARA DÉRCIO MARQUES

Disse um poeta a um cantor
Passe algum dia por casa
Dê um descanso pras asas
De Serafim voador
Visite este sonhador
Que sempre lhe teve apreço
Há coisas que só têm preço
E outras que têm valor


Neste mundo de excluídos
Cantores são aves raras
Que trazem auroras claras
Pra tantos céus poluídos
E quando às vezes perdidos
Buscando um fim no universo...
Encontram no próprio verso
Sua direção e sentido!


Há tanta gente carente
Por esse mundo de Deus
Crença na voz dos ateus
Descrença na voz dos crentes
Saudade de quem pressente
O que não pode entender
Que só se pode perder
O que jamais foi da gente.


O cantor tem por destino
Ser a palavra do povo
Trazer o antigo pro novo
Trazer pro velho, o menino
Para o normal, desatino
E para o doido, coerência
E para todos consciência
De um tempo mais cristalino.

Há tanta ilusão perdida
Dentro da alma dos homens
Um pão que não mata fome
Quando a ninguém se convida
Qual água de um rio contida
Na opressão da represa
Onde a maior correnteza
Se torna um poço sem vida.
                                       MARTIM CÉSAR
                                              JAGUARÃO
                                 RIO GRANDE DO SUL