tag:blogger.com,1999:blog-38490366963389942902024-03-06T00:18:15.476-03:00AméricasAméricashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comBlogger569125tag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-45451433266955400832016-03-02T05:00:00.000-03:002020-02-06T06:09:51.684-03:00<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6YG1N-YssjNNGg3llTicfJaXTYmTCut1cO8R-vvmT7IyvfQHLN3LEOwS8g9Xa_ey36HK5Hw9mCydx-g8mdgJylk5ol26jRqkxiB-MR2M3wvipD_T42E3CS5k2WxC4XijJfrLKiRWhzUFy/s1600/Ata2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6YG1N-YssjNNGg3llTicfJaXTYmTCut1cO8R-vvmT7IyvfQHLN3LEOwS8g9Xa_ey36HK5Hw9mCydx-g8mdgJylk5ol26jRqkxiB-MR2M3wvipD_T42E3CS5k2WxC4XijJfrLKiRWhzUFy/s1600/Ata2.jpg" /></a></div>
<span style="color: #cc0000; font-size: large;"><br />
</span><br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Américas</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
*Por Luis Rubira<br />
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
Texto publicado no Diário Popular<br />
Fevereiro 08, 2005</div>
</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Durante o quinto Fórum Social Mundial de 2005 foi erguido, próximo ao anfiteatro Pôr-do-Sol às margens do Guaíba, o Palco Atahualpa Yupanqui, numa homenagem a um dos músicos sul-americanos mais respeitados no mundo inteiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cumpre lembrar que no ano de 2003 Kolla Yupanqui, filho de don Atahualpa, elegeu um especialista em música, que mora na cidade de Pelotas, para representar a Fundação Atahualpa no Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enilton Grill é, certamente, uma das pessoas que mais entende da multiplicidade musical produzida nos três continentes americanos. Em sua casa, ao entrar na sala, já nos deparamos com quase dois mil cedês criteriosamente escolhidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Conhecido por muitos músicos, recebe discos que vêm de longe e de culturas específicas, tais como os discos de Amâncio Prada - uma pedra preciosa da Galícia.<br />
<br />
Para se ter uma idéia, Enilton Grill apresentou um dos maiores músicos do Uruguai, Daniel Viglietti, a um dos maiores nomes da música no Brasil: Dorival Caymmi; e no disco Ramilonga - A estética do frio, entre as pessoas as quais Vítor Ramil agradece está o nome de Enilton Grill.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há quase dez anos apresenta o programa Américas numa rádio da cidade de Pelotas, já tendo percorrido praticamente todos os caminhos musicais destas vastas culturas de língua portuguesa, espanhola e inglesa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seus programas são um luxo não só sonoro mas educativo, pois partem da música mas percorrem caminhos da história, da filosofia, da política e outros 'caminhos no bosque' como diria o filósofo Martin Heidegger.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na sala de sua casa, além dos discos e de muitos livros especializados em música, podemos ver três quadros na parede que revelam o tripé onde sua lente musical está apoiada: ali aparecem as fotos de Bob Dylan, Chico Buarque e Atahualpa Yupanqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aproveitando esta homenagem que o Fórum Social Mundial presta a Yupanqui, esperamos que a Fundação Atahualpa receba incentivo para sua concretização.<br />
<br />
Afinal já está na hora de que o conhecimento de Enilton Grill não fique reduzido a privilegiados ouvintes da cidade de Pelotas mas, tal como as 'coplas' de Yupanqui, seja repartido com outras pessoas de nosso país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">*Mestre em Filosofia pela PUC - Rio Grande do Sul.</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">Doutor em Filosofia pela USP - Universidade de São Paulo </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">É membro do Grupo de Estudos Nietzsche da Universidade de São Paulo</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">e do Groupe International de Recherche sur Nietzsche.</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">Atualmente é professor do Departamento de Filosofia da UFPel </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">e coordenador do ciclo 'A Filosofia e o Cinema Político'.</span></div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-7010271825240741042016-03-01T06:21:00.004-03:002022-01-11T14:45:44.929-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlElrn7OnaJRAb4Op-NbjujfOTwXtnybcgVOjBp12hE3kk4MvIHeZRddbczfxDQcFj8LSXThfSeuZtTlmZIQ1hgk-X7wKgqRIQ00BNAuMtozw78lDDuxTiigv34Kv3TmXEJod4nFrpdbX7/s1600/02.1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlElrn7OnaJRAb4Op-NbjujfOTwXtnybcgVOjBp12hE3kk4MvIHeZRddbczfxDQcFj8LSXThfSeuZtTlmZIQ1hgk-X7wKgqRIQ00BNAuMtozw78lDDuxTiigv34Kv3TmXEJod4nFrpdbX7/s1600/02.1.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
saravá, dorival!<br />
<br />
para caiuá, que deu o nome e o incentivo que faltava.<br />
<br />
2002. pedro munhoz me enviou um e-mail pedindo que eu entrasse em contato com daniel viglietti, para intermediar sua participação na semana nacional da cultura brasileira e da reforma agrária, no rio de janeiro.<div>
<br />então, foi o que fiz.<br />
<br />
eu já sabia que daniel diria sim.<br />
<br />
um ano antes eu o tinha entrevistado e uma das perguntas que fiz foi o que faltava a ele fazer que ainda não tinha feito. e ele respondeu que queria muito fazer alguma coisa (qualquer coisa) com os sem terra. <br />
<br />
o autor de "a desalambrar" só fez uma exigência: a de que eu fosse junto. e foi o que fiz.<br />
<br />
mesmo indo de ônibus cheguei antes do uruguaio que foi de avião. fui recebê-lo no aeroporto do galeão e lá mesmo tentamos um contato com chico. chico buarque. daniel deu a ideia de convidá-lo para participar da semana. teríamos conseguido não estivesse chico na itália. <br />
<br />
não faz mal. não tinha chico mas tinha dorival. <br />
<br />
no dia seguinte daniel e eu nos encontramos nos corredores da uerj e assistimos juntos aos debates e palestras. depois, à noite, na concha acústica, eu apontei para juliana caymmi, neta de dorival. eu não a conhecia e daniel queria conhecê-la. alguém teria que se apresentar e apresentá-la. e foi o que fiz.<br />
<br />
depois do show, numa pequeníssima sala improvisada de camarim (e cheia de gente), eu me apresentei à neta do dorival, apontei para o daniel e disse a ela quem ele era. desnecessário. ela já o conhecia. seu avô alguma vez já tinha falado no nome dele para ela e o marido dela conhecia mais dele do que provavelmente eu mesmo. <br />
<br />
ao nos despedirmos daniel deu um cd seu autografado para que ela entregasse a seu avô. e foi o que ela fez.<br />
<br />
no dia seguinte, quando nos cruzamos com juliana, ela vinha com um cd do dorival autografado para o daniel. nos olhamos surpresos. quando penso em dorival, penso na bahia. ele estava no rio. em copacabana. <br />
<br />
daniel agradeceu o cd, conversamos um pouco e nos despedimos. juliana ainda estava por perto quando daniel me puxou para um canto e pediu que eu tentasse com ela um encontro dele com o avô dela. e foi que fiz.<br />
<br />
ela argumentou que teria que falar com a sua avó pois o seu avô estava passando por alguns problemas de saúde... <br />
<br />
o encontro foi marcado com duas condições:<br />
<br />
uma a de que fosse um encontro rápido, bastante rápido, não mais que meia hora. nada mais nem nada de mais. afinal, dorival convalescia. <br />
<br />
a outra condição não foi uma condição foi uma pergunta. daniel perguntou se eu poderia ir junto. sim, claro que sim. <br />
<br />
dessas coisas que não dá para explicar. passou uma hora. mais meia hora. e mais outra hora. perdemos a hora. já era quase noite quando fomos embora.<br />
<br />
hoje é tudo muito rápido. parece que foi ontem. mas não. olhando a foto eu não sou mais o que era e não há mais dorival. <br />
<br />
que pena. todo mundo tem pressa. eu tenho saudade. aquela tarde passou depressa. e eu nunca mais tive outra igual.<br />
<br />
saravá, dorival!</div>Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-13961168833463952602016-02-20T05:52:00.000-02:002016-03-14T13:38:45.062-03:00<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjufUWb5Bx_Xn-tJD8r5iTy7alSv4pNa7a1jhSfQDuwsCIbQXUnaAzU7XgKaGmcejVxMSZJKWZPksh68mTtMupo7FJvrYhj2VpTPALwH6x37TVPlislfpoHKOWlsXcJR-wzDnq4I60QKfFR/s1600/70.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjufUWb5Bx_Xn-tJD8r5iTy7alSv4pNa7a1jhSfQDuwsCIbQXUnaAzU7XgKaGmcejVxMSZJKWZPksh68mTtMupo7FJvrYhj2VpTPALwH6x37TVPlislfpoHKOWlsXcJR-wzDnq4I60QKfFR/s1600/70.1.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="color: #cc0000; font-size: large;"><b>O velho lobo uiva</b></span><br />
<span style="color: #cc0000; font-size: large;"><b>e o bardo ainda brada</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
por Enilton Grill<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: left;">
Bob Dylan</div>
<div style="text-align: left;">
Maio, 24, 1941</div>
<div style="text-align: left;">
Duluth, Minessota</div>
<div style="text-align: left;">
Estados Unidos</div>
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjApwRX7aJMyTwWAYyOnR3Pknx0ZzkZqtFEqDQIVpsbTZiRlZJuZGHxSZw1cpjHEFGdbmReLlv6gQCfvDaRCsvx9vaTSK-FBMlReLxYuYUpf9pX0mKCb-wabpRu_WuQXrBjWwxrCTPGtcvm/s1600/45.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjApwRX7aJMyTwWAYyOnR3Pknx0ZzkZqtFEqDQIVpsbTZiRlZJuZGHxSZw1cpjHEFGdbmReLlv6gQCfvDaRCsvx9vaTSK-FBMlReLxYuYUpf9pX0mKCb-wabpRu_WuQXrBjWwxrCTPGtcvm/s320/45.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Dia desses, Bob Dylan concedeu entrevista para o The Times, e disse que se considera um 'lobo solitário'. <i>"Acho que é a terra onde nasci. As florestas, a vastidão. A terra me criou. Sou selvagem e solitário (...)Sou mais aventureiro do que um homem de relacionamentos"</i>, declarou Dylan.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Final dos anos sessenta. Os Beatles estavam na Índia. Os Estados Unidos pareciam embrulhados num cobertor de fúria. Universitários arrebentavam carros estacionados, espatifavam vidraças. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A guerra do Vietnã colocava o país numa depressão profunda. As cidades rugiam em chamas, os cassetetes estavam descendo. Os testes de ácido seguiam a todo vapor, e o ácido dava a 'atitude certa' para as pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A nova visão de mundo mudava a sociedade, e todo mundo se movia rápido - em ritmo acelerado. Estroboscópios, luzes negras - as maiores loucuras, a onda do futuro. <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7WwgVS09Dhesawuk3dm1-Ww7afsclx7RvK1xmanBQCpPHQf8J93FpreMsmJ5ZXMdvKfpVt1E3OjefT5inYTWZPU7pWKPs_Korih2zMEvKrYHvbK8hIsVLnfqPXt-AVJ2xCC4zCbXbnqUT/s1600/72.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7WwgVS09Dhesawuk3dm1-Ww7afsclx7RvK1xmanBQCpPHQf8J93FpreMsmJ5ZXMdvKfpVt1E3OjefT5inYTWZPU7pWKPs_Korih2zMEvKrYHvbK8hIsVLnfqPXt-AVJ2xCC4zCbXbnqUT/s320/72.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi nesse contexto que Bob Dylan, sabe-se lá como, abriu caminho para uma torrente de atitude e sabedoria, simbolismo e ambição que explodiu em um turbilhão de inovação, poesia e dissonância. E, ao fazê-lo, completou sua maior obra: a invenção dele mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"Tento ler através da poeira/ o futuro pra mim já é coisa do passado."</i> Com versos assim, Robert Zimmerman, conhecido no planeta como Bob Dylan, adiantava-se ao seu tempo e, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, não queria apenas ser moderno, ele aspirava ser eterno. E conseguiu.<br />
<br />
Aos 74 anos de idade, Bob Dylan está na plenitude. Tanto quanto o esteve na juventude. A prova disso é um de seus mais recente álbum, 'Tempest'.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnOBA-YYz7tdvco9jRVAYqB09c7R3zVow6PY7reVtzdo1B38HwBKuUYeujYDqCWuG1hppLPa_8UPUaPT3p-iRhg2oouDKAqLU5KvN203CbmICsCOmHey4fRd9V_49-csD2yX7RxCCiMK98/s1600/65.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnOBA-YYz7tdvco9jRVAYqB09c7R3zVow6PY7reVtzdo1B38HwBKuUYeujYDqCWuG1hppLPa_8UPUaPT3p-iRhg2oouDKAqLU5KvN203CbmICsCOmHey4fRd9V_49-csD2yX7RxCCiMK98/s320/65.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O nome do álbum recebeu algumas interpretações.<br />
<br />
Alguns achavam que era uma referência à peça 'The Tempest', último trabalho de Shakespeare – ideia que Dylan tratou de refutar em uma entrevista afirmando que seu álbum chamava-se apenas 'Tempest'.<br />
<br />
E isso significava algo completamente diferente, esclareceu.<br />
<br />
Ou seja: nada mais igual ao Dylan de antigamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Robert Allen Zimmerman está vivo - já o mataram algumas vezes - e muito vivo.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Longe de muitos dos seus colegas de profissão, Bob Dylan não vive à sombra de um passado de glórias. Coisa de quatro anos atrás, o bardo foi questionado se já considerou a ideia de comercializar a 'nostalgia', de forma similar a vários artistas de sua geração.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGXxuOKDUhMzadpOOSqJ1Lj9599QOKMPNqDXkFtoAQbVqFkatkdYBk9ZmFzuzpxATvryC2Ca2COrNV2uUR0ozde0YbAeB1Z9CuqywM0Mn_mBdVZV7_FXTOIaKTDKjFLa7tVuQ-d25-PfFv/s1600/29.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGXxuOKDUhMzadpOOSqJ1Lj9599QOKMPNqDXkFtoAQbVqFkatkdYBk9ZmFzuzpxATvryC2Ca2COrNV2uUR0ozde0YbAeB1Z9CuqywM0Mn_mBdVZV7_FXTOIaKTDKjFLa7tVuQ-d25-PfFv/s320/29.jpg" width="250" /></a></div>
Dylan respondeu: "<i>Eu não poderia, mesmo que quisesse ou tentasse. Esses artistas que você está falando, todos eles tinham músicas óbvias e de grande visibilidade. Meu negócio é diferente desses caras. É algo mais desesperado".</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
Poeta laureado. Profeta num casaco surrado. Napoleão esfarrapado. Um judeu. Um cristão. Bob Dylan é pura contradição. Já foi analisado, classificado, categorizado, crucificado, definido e dissecado. Já foi endeusado, inspecionado e rejeitado. Mas nunca completamente entendido.</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bob Dylan tornou as palavras mais importantes que a melodia. Deu cor às vogais e regulou o movimento das consoantes. Fundiu poesia e música como os beats já tinham tentado antes. E depois, tal qual um vagabundo, botou o pé na estrada. Foi fundo. Ganhou o mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"Ei, ei Woody Guthrie, eu te escrevi uma canção..."</i> Vinte anos tinha Bob Dylan quando escreveu esta canção. Era sobre um velho e engraçado mundo, que estava doente, faminto, exausto e descosturado. Parecia moribundo. Mas acabara de ser batizado.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt4gx1mEtSIFkC3ABLspYKA99UuW_sN_LUR0Cn2V2pc_mtuTTegPryoDFL6ZtFRhE1lq1fSWO5bfkjz1WWgBuK2TTvdhp8UhyQVHNOT-LVtA0XPWCWrUD5TA6TozEx_mftWYMCitVvzcHn/s1600/74.1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt4gx1mEtSIFkC3ABLspYKA99UuW_sN_LUR0Cn2V2pc_mtuTTegPryoDFL6ZtFRhE1lq1fSWO5bfkjz1WWgBuK2TTvdhp8UhyQVHNOT-LVtA0XPWCWrUD5TA6TozEx_mftWYMCitVvzcHn/s320/74.1.jpg" width="283" /></a></div>
<br />
Bob Dylan chegou a Nova York em janeiro de 1961. Fazia muito frio. O vento soprava e a neve rodopiava nas ruas de luzes avermelhadas. Ele não era conhecido e não conhecia ninguém. Não estava em busca de dinheiro. Nem de amor e nem de amém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"Quantas estradas precisará um homem andar/ Antes que possam chama-lo de homem?"</i>, perguntava Dylan. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta, passados mais de cinquenta anos, parece cada vez mais distante. Mas o vento ainda sopra. O velho lobo uiva. Ouçam Tempest. A voz do bardo ainda brada tanto quanto antes. Mas está mais grave. Parece sair das entranhas. Da mais distante das montanhas para nos alertar que os tempos mudaram e que as águas aumentaram. E o que era outrora delirante está cambaleante. <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Enfim. As coisas mudam e o tempo passa. Pode não haver mais caminho de volta. Mas ainda há uma estrada. A roda gira. Temos mais dúvidas e menos verdades. Somos mais jovens do que os nossos pais o eram na nossa idade. E os nossos filhos mais que nós. Isso não tem preço. Tem nome e sobrenome: Bob Dylan. </div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBTPs2OIl1__3FaugQgR56y84Q4dy457-onNdBJJpkOMy4gf0oyqTEq239r4N728przK2RrbAsUZhlOwS7V7V40BXtTL6YUc0JdtfmRi8CXxdDluZsk3hqnCZUYCXBruoaXKvEoTt0jc03/s1600/14.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBTPs2OIl1__3FaugQgR56y84Q4dy457-onNdBJJpkOMy4gf0oyqTEq239r4N728przK2RrbAsUZhlOwS7V7V40BXtTL6YUc0JdtfmRi8CXxdDluZsk3hqnCZUYCXBruoaXKvEoTt0jc03/s320/14.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A história é circular e há tantas facetas em Bob Dylan que ele é esférico. O passado pode ser prelúdio ou poslúdio. As estradas foram muitas. A que ele está agora parece ser de mais busca e mais descoberta e mais criatividade com o avançar da idade.<br />
<br />
Hoje, aos 74 anos, Dylan ainda ajuda a definir estes tempos cambiantes e intolerantes. E isso é muito mais que importante: é determinante e reconfortante.</div>
</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-71025085932437349512016-02-13T07:19:00.001-02:002022-08-30T07:38:59.964-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphenSqYxQjL9yi9N9He0yq-WNMnRQ6xgV_XkglE-2MNlioQH6jvnnySpe8fNttLlAoh3uK4r45-vNNUgH-dlRYYCuFSfyP5jSsXBB4qh49d62SwiBKLmWnrYWTRfWUAgtb6TJS8a5DoD6qX/s1600/DANIEL+7+DE+ABRIL.4.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphenSqYxQjL9yi9N9He0yq-WNMnRQ6xgV_XkglE-2MNlioQH6jvnnySpe8fNttLlAoh3uK4r45-vNNUgH-dlRYYCuFSfyP5jSsXBB4qh49d62SwiBKLmWnrYWTRfWUAgtb6TJS8a5DoD6qX/s1600/DANIEL+7+DE+ABRIL.4.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #990000;">2003: </span><span style="color: #990000;"> um ano que não me sai da memória</span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Por quê? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque 2003 foi o ano da invasão dos Estados Unidos ao Iraque. Porque 2003 foi o ano em que Lula tomou posse como presidente do Brasil. E porque o ano de 2003 guarda um dia mais que importante na minha história. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A cidade de Pelotas era governada por Fernando Marroni. Eu trabalhava numa Auto-Escola e apresentava o Américas na RádioCom. O Theatro Sete Abril estava em plena atividade e, nesse dia, 3 de maio, às 9 da noite, abria, pela segunda vez, suas portas ao uruguaio Daniel Viglietti. Eu, por detrás das cortinas, agradecia aos apoiadores e anunciava essa lenda viva da música latino-americana. Depois me beliscava e me perguntava: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Será verdade? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era.<br />
<br />
Os arquivos estão aí pra comprovar.<br />
<br />
Ajudem-me a escutar, e, se for o caso, a compartilhar, pois me é difícil acreditar que tenham resistido às ruas que andei, aos tsunamis que passei e às fronteiras que <i>desalambrei</i>. Custa-me acreditar que eles tenham sobrevivido aos lugares onde eu descambei.</div>
<div style="text-align: right;">
<br />
Gratíssimo<br />
Enilton Grill</div>
<div style="text-align: right;">
1º de maio de 2014</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphenSqYxQjL9yi9N9He0yq-WNMnRQ6xgV_XkglE-2MNlioQH6jvnnySpe8fNttLlAoh3uK4r45-vNNUgH-dlRYYCuFSfyP5jSsXBB4qh49d62SwiBKLmWnrYWTRfWUAgtb6TJS8a5DoD6qX/s1600/DANIEL+7+DE+ABRIL.4.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphenSqYxQjL9yi9N9He0yq-WNMnRQ6xgV_XkglE-2MNlioQH6jvnnySpe8fNttLlAoh3uK4r45-vNNUgH-dlRYYCuFSfyP5jSsXBB4qh49d62SwiBKLmWnrYWTRfWUAgtb6TJS8a5DoD6qX/s1600/DANIEL+7+DE+ABRIL.4.jpg" width="343" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Daniel Viglietti</div>
<div style="text-align: center;">
ao vivo</div>
<div style="text-align: center;">
Theatro Sete de Abril</div>
<div style="text-align: center;">
Pelotas </div>
<div style="text-align: center;">
3 de maio de 2003<br />
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe align="top" allowfullscreen="" frameborder="0" height="300" hspace="0" marginheight="0" scrolling="no" src="http://www.goear.com/embed/playlist/a172814" vspace="0" width="480"></iframe><br /></div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-16585010425986396672015-10-19T16:52:00.000-02:002016-03-14T14:34:07.148-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJcz9UbOKAHIDoP_koP_TQZ6XEdnGJWtvM66Naa-Xy0XT7PkO5oFvbJEUeDZnur3aTlT2jMEO-Z1WYj9bSDmxJIJD8N0pw1a7mmil967QIULG0te8Rujz7izL3dEOoLyL5Qy3-VSxEwjFs/s1600/285.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJcz9UbOKAHIDoP_koP_TQZ6XEdnGJWtvM66Naa-Xy0XT7PkO5oFvbJEUeDZnur3aTlT2jMEO-Z1WYj9bSDmxJIJD8N0pw1a7mmil967QIULG0te8Rujz7izL3dEOoLyL5Qy3-VSxEwjFs/s1600/285.1.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Vinicius não perdeu nada</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>(a vida é que perdeu a graça)</b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era 1980. Vinicius já quase não saía. Só recebia os amigos mais íntimos. Havia, na época, uma jornalista que insistia com o poeta por uma entrevista. Vinicius resistia. Até que um dia cedeu. A primeira pergunta foi fulminante: <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Poeta, o senhor tem medo da morte? <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vinicius olhou nos olhos da moça e respondeu: <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Não, eu não tenho medo da morte, o que eu tenho é saudade da vida.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E essa foi a última entrevista que Vinicius concedeu. Para o poeta já não tinha mais sentido a vida. Ele já estava de despedida. Ele já tinha vivido tudo, a vida não lhe daria mais nada. Só lembrando: a década de 80 ficou conhecida como a década perdida. De lá pra cá, tudo - ou quase tudo - é efêmero, é passageiro. Vinicius não perdeu nada. A vida é que perdeu a graça.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-14648578583747240272015-09-12T08:01:00.001-03:002020-09-12T13:49:48.529-03:00<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-MNEqs572XcvcVEmEcxKmAp7fqXX7W3PF1AEUO3fQu17qLkgSZa7lKPnsR9gylxX9dCjavstvIxlsLb9id_-nhtGlNniRrn18TWJp51oGF3GoyCEvsi-fjbvzuBCGm8xBbbA1CG23pAKg/s1600/01.1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-MNEqs572XcvcVEmEcxKmAp7fqXX7W3PF1AEUO3fQu17qLkgSZa7lKPnsR9gylxX9dCjavstvIxlsLb9id_-nhtGlNniRrn18TWJp51oGF3GoyCEvsi-fjbvzuBCGm8xBbbA1CG23pAKg/s1600/01.1.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Tributo a um Rei Esquecido</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Adaptado e ilustrado</div>
<div style="text-align: right;">
por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
Do livro<br />
<i>Eu não sou cachorro, não</i><br />
De Paulo César de Araújo<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>"Eu quis gritar seu nome e não pude (...) </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>O que foi que fizeram com ele? </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Não sei </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Só sei que esse trapo, esse homem </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Foi um rei"</i><br />
<div>
</div>
Benito di Paula,</div>
<div style="text-align: right;">
'Tributo a um rei esquecido', de 1974</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSoC10AP78TNpmQ5PVI3BgoDkQD0WxXer_PlToWYSZoQ_yP7rUWC__js5yi1DSriTofT6iqD9C1YRt8nlRmBbSgkST91hN0JajvbIXZ65a7iILek3hPZ32O1ics0yxbscPv3RiRPV2w89-/s1600/10.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSoC10AP78TNpmQ5PVI3BgoDkQD0WxXer_PlToWYSZoQ_yP7rUWC__js5yi1DSriTofT6iqD9C1YRt8nlRmBbSgkST91hN0JajvbIXZ65a7iILek3hPZ32O1ics0yxbscPv3RiRPV2w89-/s1600/10.jpg" width="221" /></a></div>
<br />
Benito di Paula fazia uma homenagem a Geraldo Vandré, autor de 'Pra não Dizer Que não Falei das Flores' – canção-símbolo da luta contra a ditadura, censurada em 1968. Naquele mesmo ano, Vandré se exila no Chile. Voltou preso, em 1973. Um ano depois, a lembrança cantada por Benito di Paula também acabou proibida.<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Lançada em 1974, ”Tributo a um rei esquecido” é uma homenagem de Benito di Paula a um dos artistas brasileiros mais visados pela ditadura militar: o cantor e compositor Geraldo Vandré.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O verso "Eu quis gritar seu nome / não pude” é uma referência ao fato de a simples pronúncia do nome Geraldo Vandré ser objeto de censura na época. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A sua voz e a sua imagem estavam praticamente banidas no Brasil. Mas o samba de Benito, além de evocar a memória do artista proscrito, amplificava uma pergunta que muitos brasileiros faziam (e ainda fazem) em relação a Vandré: “O que foi que fizeram com ele?”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao longo dos anos a resposta para esta pergunta tem corrido de um extremo ao outro: para a maioria Vandré foi um idealista que não transigia com sua arte e foi torturado até sofrer um processo de lavagem cerebral; para alguns poucos, ele mudou porque mudou. Simples assim.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuA0AWjpRmXqxlcfRK575AWJPOxLj3LKUlMA9t29LIS1xx7AlofvO9s05PCs23Cr3_TFWO8OnRbTE-SJYp9TI9Vab5WsbabRR7-DWraZnYNrJOiollpSgPIiqetYfHBlk-4hutfQr1hj5H/s1600/02.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuA0AWjpRmXqxlcfRK575AWJPOxLj3LKUlMA9t29LIS1xx7AlofvO9s05PCs23Cr3_TFWO8OnRbTE-SJYp9TI9Vab5WsbabRR7-DWraZnYNrJOiollpSgPIiqetYfHBlk-4hutfQr1hj5H/s1600/02.jpg" width="312" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seja como for, a origem desta polêmica tem local, data e nome determinados: Rio de Janeiro, Maracanãzinho, 29 de Setembro de 1968, “Pra não dizer que não falei de flores”. Ali, em pleno regime militar, Geraldo Vandré apresentou ao público e ao júri do III Festival Internacional da Canção a mais contundente crítica jamais feita ao Exército brasileiro numa letra de música popular e num momento em que as Forças Armadas controlavam os poderes da República.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há soldados armados, amados ou não</div>
<div style="text-align: justify;">
Quase todos perdidos de armas na mão</div>
<div style="text-align: justify;">
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição</div>
<div style="text-align: justify;">
De morrer pela pátria e viver sem razão...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A repercussão da música foi imediata. De sua base no Forte Coimbra, no pantanal mato-grossense, o general Aspirante Basto enviou uma “Carta a Geraldo Vandré”, publicada no Última Hora, e na qual ele questionava o compositor: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“O que entende você de pátria, para dizer que nos quartéis se vive sem razão? Que mais você fez nesta vida, sem ser em troca de lucro?”, indagando ainda que “será uma vida sem razão a dos homens que neste momento, como eu, em terras longínquas ensinam a cor da bandeira brasileira?” </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais adiante ele aconselhava o artista: “Cante o que quiser, mas não coloque nada de pátria no meio. Você não sabe o que é isso. A sua pátria deve ser um copo de cerveja.” E num tom cada vez mais exaltado, o general vaticinava: “Você passará, Vandré. O povo esquece depressa. Sua música causou sensação, mas logo será esquecida.”<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrouHvH2MZhiFdObhZWlpQJeayNVUkx_OMEjL2fmnbop1kg0r1mbmqwZdbKN7lLezHeDJ9Rm0suQjVz6UJGNaBU0JvMPkk3aXVdUGPTw2lKQuZKbjJ0pWSvhcDs-NG_2-ZudvXxW0tZBSf/s1600/06.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrouHvH2MZhiFdObhZWlpQJeayNVUkx_OMEjL2fmnbop1kg0r1mbmqwZdbKN7lLezHeDJ9Rm0suQjVz6UJGNaBU0JvMPkk3aXVdUGPTw2lKQuZKbjJ0pWSvhcDs-NG_2-ZudvXxW0tZBSf/s1600/06.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aspirante Basto pode ter sido um bom militar, mas foi com certeza um péssimo vidente. Lançada em meio aos protestos estudantis de 1968, “Pra não dizer que nao falei de flores” (ou “Caminhando”, como ficou mais conhecida) se tornou uma espécie de Marselhesa brasileira, inflamando greves, passeatas e manifestações até os dias de hoje.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na época a composição não venceu o festival e foi proibida pela Censura Federal sob o argumento de veicular uma mensagem “subversiva e atentatória ao regime democrático”. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas os militares não estavam satisfeitos; queriam também a "cabeça" de Geraldo Vandré. E logo após a decretação do AI-5, quando já não havia mais regime democrático, foram bater à porta de um hotel em Anápolis, Goiás, onde o cantor se hospedara em meio a uma turnê. Providencialmente, entretanto, Vandré já estava a caminho do Rio, seguindo depois para a fazenda de Dona Aracy Carvalho, viúva do escritor João Guimarães Rosa, no sertão mineiro.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghNZRQ5FpA4QWAvHTeHZwdUxH4FpDOACLwzNpuTjEFD7z_BBpi5W9NgoDqOmRaBfQ6jljRfI20BINHE6vJyws9tMQ3oWxmKOc70clHChUpEZdsNLLDZLdzmbQ4LjN58PBGR_QpIIEo_sXX/s1600/12.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghNZRQ5FpA4QWAvHTeHZwdUxH4FpDOACLwzNpuTjEFD7z_BBpi5W9NgoDqOmRaBfQ6jljRfI20BINHE6vJyws9tMQ3oWxmKOc70clHChUpEZdsNLLDZLdzmbQ4LjN58PBGR_QpIIEo_sXX/s1600/12.jpg" width="192" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pouquíssimas pessoas sabiam do esconderijo, no qual Vandré permaneceria durante mais de um mês. O compositor Geraldo Azevedo, um dos poucos que tinham acesso a ele, recorda-se da tensão daqueles dias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Para ir lá eu tinha de me comportar como um militante de organização política clandestina; entrava num carro, mudava para outro, fazia tudo para despistar pessoas da repressão que pudessem estar me seguindo para, por meu intermédio, chegar a Vandré.”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ali, na fazenda dos Guimarães Rosa, enquanto traçava a rota que seguiria no exílio, Vandré compôs em parceria com Geraldinho Azevedo “A canção da despedida”, premonição da sua própria trajetória a partir dali: ”Já vou embora / mas sei que vou voltar / amor, não chora / se eu volto é pra ficar...”<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnuAoKWllkBlwmpyCeUuv_F7YOLk9uESIOSpftyzVtRgBVicAygCn2ZP0LcrkZWn-BWKDR-lMbc7iKZx8A_y7GgKOvx281MQO_ENGKNejN2yu0lN2-avTih7hxCWkeig-m4WVcxMTY0sBp/s1600/05.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnuAoKWllkBlwmpyCeUuv_F7YOLk9uESIOSpftyzVtRgBVicAygCn2ZP0LcrkZWn-BWKDR-lMbc7iKZx8A_y7GgKOvx281MQO_ENGKNejN2yu0lN2-avTih7hxCWkeig-m4WVcxMTY0sBp/s1600/05.jpg" width="260" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns dias depois, o artista seguiu para o Rio Grande do Sul e em pleno domingo de Carnaval, 16 de fevereiro de 1969, atravessou a fronteira do Brasil com o Uruguai.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os primeiros boatos diziam que ele estaria preso e incomunicável em alguma guarnição do Exército, de que fora torturado ou até mesmo executado pelo Esquadrão da Morte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em Junho de 1969 parte do mistério se desfez quando o jornal O Globo localizou Vandré em Santiago do Chile. “Estou bem vivo. Escrevendo e fazendo da saudade o que posso fazer”, disse ele à reportagem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem visto para permanecer no país, no mês seguinte Vandré foi obrigado a deixar o Chile. Seguiu para a Argélia e depois a Europa: Alemanha, Áustria, Itália. <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsKsGrY7K2GmYmXcYzwUNOxhk42yXaYvEWftv7gXc0l54iR-qLHl5SoULeo2v0CZzIA9ixaEDBGdmPoxF1R8MY3xeCpdZhROeTRDabPmmzMI72L7RfKmdXmF6zRAPcZtd5FoV0gn3d4zdJ/s1600/00.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsKsGrY7K2GmYmXcYzwUNOxhk42yXaYvEWftv7gXc0l54iR-qLHl5SoULeo2v0CZzIA9ixaEDBGdmPoxF1R8MY3xeCpdZhROeTRDabPmmzMI72L7RfKmdXmF6zRAPcZtd5FoV0gn3d4zdJ/s1600/00.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muitas vezes em troca de pouso e comida Vandré percorreu povoados do interior da Grécia, Bulgária e Iugoslávia. Na França, fez uma pausa de 18 meses e ali, em novembro de 1970, gravou seu último LP: "Das Terras de Benvirá". </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em março do ano seguinte, foi detido pela Polícia francesa por porte de haxixe e obrigado a deixar o país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vandré consegue retornar a Santiago, mas o exílio já se tornara um pesadelo e o artista recorria cada vez mais ao uso de drogas. Num Chile àquela altura convulsionado, com toques de recolher, à beira do golpe militar, acentuaram-se as crises depressivas do compositor, num processo de desintegração psicológica que o fez submeter-se a tratamento psiquiátrico durante 45 dias.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu-0PAYE08mIPag26EFQfeDy181aEQQOJ1dj0kX3SF0aUcsSKYbeZxSJj_kmH-BW6gBOSzqO2H5RzMZ4NljM340e0sz3KvieTd3O0eK1IkDEQ6xEIk2SFzyew_VVACXz_EzIpQyyGeBxTf/s1600/13.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu-0PAYE08mIPag26EFQfeDy181aEQQOJ1dj0kX3SF0aUcsSKYbeZxSJj_kmH-BW6gBOSzqO2H5RzMZ4NljM340e0sz3KvieTd3O0eK1IkDEQ6xEIk2SFzyew_VVACXz_EzIpQyyGeBxTf/s1600/13.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto isto, no Brasil, sua família articulava negociações para que ele pudesse voltar. E assim, em Julho de 1973, dois meses antes de as tropas do general Pinochet tomarem o poder e cortar as mãos do cantor de protesto chileno Vitor Jara em pleno Estádio Nacional, Geraldo Vandré deixou Santiago, embarcando ao Rio de Janeiro.<br />
<br />
Tão obscuro quanto sua saída foi o seu retorno ao país. O autor de “Pra não dizer que não falei de flores” fez uma única viagem de volta, mas desembarcou duas vezes no Brasil. Houve um desembarque real e um segundo desembarque, fictício.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro foi noticiado pelo Jornal do Brasil em sua edição de sexta-feira, 18 de Julho de 1973. “O cantor e compositor Geraldo Vandré foi preso, ontem, no aeroporto do Galeão, ao desembarcar de um avião. O artista foi levado para uma unidade militar, onde se encontra incomunicável.”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIbqoby1HrIpqt9w8ULNnB_lUlgFBTgHcjkjbobZbDnFC5MfBscaK-t3u3jzc6umuJjIj5FQI6CwtYMX-LHZxcFRNhlr4gXMvraaFD1ME_DiJR49AKgvjTh9NDOwm1ZT2IcMoKWTgQcwgX/s1600/07.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIbqoby1HrIpqt9w8ULNnB_lUlgFBTgHcjkjbobZbDnFC5MfBscaK-t3u3jzc6umuJjIj5FQI6CwtYMX-LHZxcFRNhlr4gXMvraaFD1ME_DiJR49AKgvjTh9NDOwm1ZT2IcMoKWTgQcwgX/s1600/07.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seguiram-se 33 dias de absoluto silêncio. É quando é apresentado o desembarque fictício de Vandré em terras brasileiras. Na noite de 21 de agosto de 1973, a câmera do Jornal Nacional da TV Globo focaliza a escada de um Electra da Varig no aeroporto de Brasília.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O angulo vai se fechando e o rosto de Geraldo Vandré, barbado e com a expressão cansada, aparece na tela. Neste momento o locutor informa que “o cantor e compositor Geraldo Vandré acaba de voltar ao Brasil”. O artista desce a escada e caminha lentamente pela pista do aeroporto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A seguir é mostrada a primeira fala de Vandré à televisão brasileira desde 1968. Cabisbaixo e com a voz trêmula, ele afirma que pretendia integrar suas composições “à realidade nova do Brasil, que espero encontrar em um clima de paz e tranqüilidade” e queixa-se de que sua música foi apropriada por grupos políticos contra a sua vontade:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Vocês sabem, a arte às vezes é usada por um grupo determinado com interesses políticos e isso transcende a vontade do próprio autor. Eu, o que tenho a dizer é que, na verdade, nunca estive vinculado ou comprometido em toda a minha vida com qualquer grupo político.”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, ele declara que dali pra frente desejava “só fazer canções de amor e paz”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É neste espaço de tempo entre a chegada de Vandré em 17 de julho de 1973 e esta "volta" apresentada pela TV Globo, 33 dias depois - que melhor se situa a pergunta formulada no samba de Benito di Paula: “O que foi que fizeram com ele?” <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYi4PtSwSI5v5w2zKif-OrAIKGN1ocB95Th9834oarWwnz8nqQOiCRw4aOZu-0zgcmDq_JVkBsznmMZy1ABBb-GFpgwOVNky3cOosSogl0O3GEGRxb3-lM2lqNrgTR87Un-E6IdUKY7Wl2/s1600/01.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYi4PtSwSI5v5w2zKif-OrAIKGN1ocB95Th9834oarWwnz8nqQOiCRw4aOZu-0zgcmDq_JVkBsznmMZy1ABBb-GFpgwOVNky3cOosSogl0O3GEGRxb3-lM2lqNrgTR87Un-E6IdUKY7Wl2/s1600/01.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sabe-se que após aquele primeiro período incomunicável numa unidade do I Exército, no Rio de Janeiro, o compositor também esteve preso numa carceragem da Polícia Federal em Brasília.<br />
<br />
E foi provavelmente entre uma cela e outra que a polícia política conseguiu arranjar a retratação ou confissão que Vandré apresentou ao público através do Jornal Nacional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Geraldo Vandré - O que aconteceu de fato, com ele?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que, quando num daqueles dias de 1974, Benito di Paula avistou Geraldo Vandré “dizendo um poema para um poste”, o autor de “Disparada” já era uma sombra de si mesmo. Estava com 38 anos, mais gordo e grisalho, vagando a esmo sozinho pelas ruas de São Paulo. E dizia não ver televisão; não ouvir rádio; não ler jornal; não ter emprego; e não pagar imposto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E recusava-se a gravar disco, fazer shows ou dar entrevistas: “Nada do que eu possa dizer, fazer ou pensar - dá no mesmo ser publicado ou não, porque não tem nenhum valor” , se auto-analisava sem nenhuma indulgência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aspectos que tornavam a pergunta do refrão do samba ”Tributo a um rei esquecido” cada vez mais pertinente e atual. “E eu continuo querendo saber: cadê ele? Já deram anistia pra ele? O que foi que fizeram com ele?” , reclama ainda hoje Benito di Paula.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUVrH-duOtK6OD7nx3qDl5ZIj036XUDptAfKbBJKGEdhhifUsMNQsTOeJBHipOHvCoxZuNEbRm3dOP-uwLVqoTnVGsosIsg08dzMJHS-QUS3rO1lzzB8ru6MQLNBYXm4SaCxLwpeRPoLmz/s1600/08.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUVrH-duOtK6OD7nx3qDl5ZIj036XUDptAfKbBJKGEdhhifUsMNQsTOeJBHipOHvCoxZuNEbRm3dOP-uwLVqoTnVGsosIsg08dzMJHS-QUS3rO1lzzB8ru6MQLNBYXm4SaCxLwpeRPoLmz/s1600/08.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos últimos anos alguns jornalistas tentaram fazer esta pergunta ao próprio Geraldo Vandré. E ele, na maioria das vezes, se esquiva da resposta. “A curiosidade sobre isso é uma paranoia, uma doença. Não me sinto responsável em elucidar isso”, respondeu a Brenda Fucuta do Jornal do Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A jornalista Maria do Rosário Caetano, de O Estado de S. Paulo, foi direta: “Você foi torturado?” A resposta de Vandré, também: “Nunca. E me nego a continuar falando sobre este assunto.” </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E para um jovem repórter de O Globo que insistiu em perguntar-lhe se ele era uma vítima do regime militar, Vandré esbravejou com o dedo em riste e os olhos verdescinza arregalados: “Vítima é você! Vítima é você!” </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo após o encerramento do III FIC, em Outubro de 1968, o então coronel Octávio Costa escreveu no Jornal do Brasil um artigo de grande repercussão intitulado “As flores do Vandré” , no qual ele defendia os militares - "não vivem sem razões os que asseguram à imensa maioria da nação o direito de continuar vivendo democraticamente" - , e cobrava punição para o compositor sob o argumento de que a Justiça não poderia se calar “diante do delito, do delito claramente configurado, à luz dos refletores, contra a lei vigente”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Numa entrevista de mais de três horas concedida a Paulo César de Araújo, autor do livro "Eu não sou cachorro, não", o general responde sobre Geraldo Vandré ter sido ou não torturado:<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQh57NddsKXCdPBppubAxbQMTiqL0i1cHG8nGnyM56lAkUzEZCv6Yc_zMQx8d0kWpL4D78Ko7IpN8-VudpgqAX2zIeN2ZlUatP62G2IJSAEXNKtzfYNzAP9JyJ54DHv62h9htzVa1JLk-8/s1600/04.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQh57NddsKXCdPBppubAxbQMTiqL0i1cHG8nGnyM56lAkUzEZCv6Yc_zMQx8d0kWpL4D78Ko7IpN8-VudpgqAX2zIeN2ZlUatP62G2IJSAEXNKtzfYNzAP9JyJ54DHv62h9htzVa1JLk-8/s1600/04.jpg" width="259" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Eu acredito que ele deve ter sido preso e não descarto a possibilidade de ter recebido alguns tapas, uns empurrões contra a parede, 'vamos, faz uma música aí agora', coisas assim. A indignação dos militares contra ele foi tão grande que alguns algozes podem ter dado uns safanões. Já tortura em pau-de-arara, choque elétrico, não creio que tenha sofrido, muito menos lavagem cerebral, que é um negócio bastante requintado”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora negue que tenha havido o uso das formas clássicas de tortura, Octávio Costa é a primeira autoridade militar do governo Médici que admite a possibilidade de que Vandré sofreu algum tipo de coerção física por parte de elementos do Exército. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bem, de tudo isto, ressalte-se que aquela pergunta (ou paranoia, como diz Vandré), que se repete por três vezes no samba “Tributo a um rei esquecido” - "o que foi que fizeram com ele?" - , só pôde ser veiculada nas rádios do Brasil nos anos 70, porque Benito di Paula valeu-se mais uma vez da linguagem da fresta, driblando um comunicado expedido pela Polícia Federal que proibia a "transcrição ou divulgação de qualquer notícia, comentário ou referência" a respeito do cantor e compositor Geraldo Vandré.”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Benito di Paula chamou-o então de “rei”, valendo-se de imagens presentes na canção “Disparada”, em que Vandré diz “na boiada já fui boi / boiadeiro já fui rei”. E esta era realmente a única forma possível de se cantar brasileiros mortos, presos ou banidos pelo regime de 1964.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Tributo a um rei esquecido</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
Benito di Paula</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
1974</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/PI36-TjBkoY" width="420"></iframe></div>
</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-33138097013548333892015-08-06T20:20:00.000-03:002016-03-14T14:37:13.340-03:00<div style="text-align: center;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR0Dn9x6aJwLHCxV47-vrohTbUhND18ruReO6A_Mkkr1PZQddaaBRkBwDZnDlJr51egMKTrfp601wxrk8UCVXEPSx0axbJf28_NbxOs7UkBIJtdrtjrCmaIC1sTyAEyWkzei-UAd5i54sK/s1600/18.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR0Dn9x6aJwLHCxV47-vrohTbUhND18ruReO6A_Mkkr1PZQddaaBRkBwDZnDlJr51egMKTrfp601wxrk8UCVXEPSx0axbJf28_NbxOs7UkBIJtdrtjrCmaIC1sTyAEyWkzei-UAd5i54sK/s1600/18.1.jpg" /></a></div>
<br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Mas... </b></span><br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>e o PT, hein?!</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<br />
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
Dia desses me perguntaram:<br />
<br />
- E o PT, hein?!.<br />
<br />
Fiz que não ouvi fiz que não entendi fiz que não era comigo. Desconversei, mudei de assunto. Dali a pouco...<br />
<br />
- Bah, mas e o PT, hein?!<br />
<br />
É difícil responder quando se esteve tão envolvido num projeto de mudança. É difícil responder quando se dedicou tantos anos de vida e quando se criou tanta expectativa de uma nova perspectiva de vida para todos nós. Difícil, muito difícil. É preciso cortar na carne. Desnecessário dizer que dói..<br />
<br />
- Pois é, mas e o PT, hein?!<br />
<br />
Não tive alternativa, encarei o sujeito, respirei fundo, estufei o peito e meio sem jeito puxei pela memória. Passou um filme na minha cabeça e encontrei na relação com o cinema a resposta a esta pergunta cheia de ironia e carregada de veneno. É uma lembrança meio apagada. É de uma cena de um filme de Groucho Marx, comediante e ator estadunidense.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não lembro exatamente como era. Mas, do que eu lembro eu lembro que o comediante perseguia um delinquente em um trem e o trem ia ficando sem lenha. E ele seguia perseguindo o fugitivo colocando lenha no forno da locomotiva e, em um momento, ele vai pegar lenha e não tem mais lenha. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, Groucho começa a quebrar os vagões de madeira, um atrás do outro, para alimentar o forno da locomotiva. O importante era alcançar o fugitivo. Groucho não desistia. E tanto alimentou o forno da locomotiva com a madeira dos vagões que lá pelas tantas o fugitivo cansou e Groucho o alcançou. Mas aí já não havia mais vagões, só a locomotiva. Para alcançar seu objetivo, os vagões todos haviam sido sacrificados. O trem chega, mas chega sem trem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mas, e o PT, hein?!<br />
<br />
Pois é, com relação ao PT, o que eu penso é que o importante era chegar. E pra isso, em meio à viagem, a alma foi vendida. A imagem ficou distorcida. A história acabou comprometida. É como dizia Paulo Freire, o educador que morreu aprendendo: “Somos andando”. A verdade está na viagem, não no porto. Não há mais verdade do que a busca da verdade.<br />
<br />
É isso aí. Na mosca! O caminho se faz andando e a verdade eu sigo procurando. Mas engana-se quem pensa que eu estou capitulando. Eu não estou rendido e muito menos arrependido. Talvez um pouco órfão de Partido. Acho que isso, sim. Mas minha bússola está voltada à esquerda. Mais à esquerda ainda do que o lugar onde eu estava. Pois, de ser feliz não abro mão. E dos meus sonhos também não, sejam eles impossíveis ou não. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mas... E o PT, hein?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Heráclito dizia que um homem não pode banhar-se duas vezes no mesmo rio. Era uma frase que servia de ilustração à sentença basilar da sua filosofia, baseada no seguinte princípio:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Tudo flui”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, o rio muda a todo instante, e o homem que nele se banha muda também. Eu, hoje, não sou o mesmo que fui ontem. Mas no sol e na estrela ainda acredito. E na poesia e na utopia também. Do povo brasileiro nunca desacreditei. Mas onde está a verdade, ainda não sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que eu sei é que o PT de hoje não será jamais o da minha juventude. Aquele PT eu o perdi. Nunca mais vou encontrar. Não tenho mais lenha pra queimar e nem vontade de procurar.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-67126406324830820312015-07-26T19:58:00.000-03:002018-11-09T13:14:38.055-02:00<div style="text-align: center;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI9LX7waPHXXrk9wP9S42mnOUTYm5fWPv56tgz-UkCzxhZ4GXeR21jqA_tiy1MwXS6H4YarDrrDEmNc4wDV4FRYj1gZMKB0bvcIcWWx89HO-W8GbMeVRtQYFy2o7TyAX-kkYr4HVDYCdJK/s1600/Gastal_preso+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI9LX7waPHXXrk9wP9S42mnOUTYm5fWPv56tgz-UkCzxhZ4GXeR21jqA_tiy1MwXS6H4YarDrrDEmNc4wDV4FRYj1gZMKB0bvcIcWWx89HO-W8GbMeVRtQYFy2o7TyAX-kkYr4HVDYCdJK/s1600/Gastal_preso+2.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Prisão do Gastal<br />
Faculdade de Direito<br />
Pelotas - RS<br />
1977</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<span style="color: #990000; font-size: x-large;"><b>a memória é da rua</b></span><br />
<b><span style="font-family: "cholo sperry rand r20" , sans-serif; font-size: 36pt; line-height: 115%;"><span style="color: #cc0000;"><br />
</span></span></b></div>
<div style="text-align: right;">
por enilton grill<br />
<br />
<b><span style="font-family: "special elite"; line-height: 115%;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></span></b> <br />
<div style="text-align: justify;">
história é memória. fazia frio no dia que prenderam o meu tio. a repressão endurecia. a dita dava uma dura. a polícia baixava o pau. no cenário musical, chico buarque pedia <i>só um dia /pra aplacar sua agonia / toda a sangria / todo o veneno / de um pequeno dia.</i> nas ruas urgia a democracia. o tempo passa. o país até sara. mas não cura. a memória é dura, perdura... se perpetua. a memória não é minha, nem tua... a memória é da rua.</div>
</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-24706345159952170892015-06-30T06:04:00.003-03:002015-09-08T07:10:17.256-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixcF3P23mV9zVAgWzXcnhM1ktmSw6xFGtBcF-a7rz4TKJgwDYZcftM2flOwWOstdsCz6MEUbJtDfRVEEwb7xWytOpaDxas6tNDUZI1w7oV0I-jbKslhy83Ue9iE10CR94LQIiDGCdhTU3U/s1600/06.2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixcF3P23mV9zVAgWzXcnhM1ktmSw6xFGtBcF-a7rz4TKJgwDYZcftM2flOwWOstdsCz6MEUbJtDfRVEEwb7xWytOpaDxas6tNDUZI1w7oV0I-jbKslhy83Ue9iE10CR94LQIiDGCdhTU3U/s1600/06.2.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Mais humildade, por favor</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Se eu dissesse que já li Descartes, Sartre, Nietzsche - e outros mais - você diria que eu sou modesto e humilde ou que eu sou pretensioso e orgulhoso? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que se você tivesse boa vontade diria que eu ao ler estes senhores cheios de sabedoria reconheço minha ignorância e procuro aprender um pouco com quem sabe muito. Mas você também poderia ter má vontade e dizer que eu estou querendo aparecer e mostrar o que sei dizendo o que digo.<br />
<br />
E eu, o que digo? Não sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se eu disser que sou pretensioso e orgulhoso, é mentira. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se eu disser que sou humilde não aprendi nada com o que li. A humildade é a virtude mais humilde porque o humilde nunca vai dizer que é humilde. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Moral da história: Eu tenho orgulho de ler o que li. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas preciso ler mais - muito mais - para aprender um pouco. Um pouquinho só que seja. Pois não sei nada. Se soubesse não teria dito o que disse. Pois a falta da virtude da humildade é o orgulho. O orgulho é a ignorância da ignorância. O orgulhoso ignora que ignora. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas será que ter orgulho é a mesma coisa que ser orgulhoso? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei. Se você souber, por favor, me ajude. Eu gostaria muito de um dia vir a ser ser humilde. Achei que já era, e ainda não sou. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra coisa:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você poderia ser maldoso e dizer que eu sou mentiroso, que eu não li nada disso. Você pode até achar estranho, mas se você dissesse isso eu não diria nada. Não acharia nada de mais. Muito pelo contrário, eu acharia normal. Sabemos, os que lemos Nietzsche, que a verdade é uma convenção social. E o que seria essa verdade? Nietzsche nos responde em seu livro "Verdade e Mentira no Sentido Extra Moral":</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
'[...] a verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. (...) Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho.' </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É isso, entendeu? Estranho, na verdade, pelo menos pra mim, é o rebanho, que se acha grande coisa e é só a mesma e velha manada, acomodada e manipulada. Só isso e mais nada.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-71482301446270800122015-04-19T07:19:00.000-03:002015-04-20T06:24:12.336-03:00<div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyPlhvfi3mXCwfxzhstVKzrNVwueqKjs9F0Z5eUqdblGwvBQMzsLP8U2xWooJ8kL_k6jk4v4P1zzwCweQvmxrPZ49_MFMvZzhuEq9q5vhuVVT1MLSnjHLo4BVvAHtEmwH0hTwG0CgiBCeV/s1600/03.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyPlhvfi3mXCwfxzhstVKzrNVwueqKjs9F0Z5eUqdblGwvBQMzsLP8U2xWooJ8kL_k6jk4v4P1zzwCweQvmxrPZ49_MFMvZzhuEq9q5vhuVVT1MLSnjHLo4BVvAHtEmwH0hTwG0CgiBCeV/s1600/03.1.jpg" /></a></div><br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Galeano, meu caro amigo</b></span></div><br />
<br />
<div style="text-align: right;">Por Enilton Grill</div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Dizem que morreste e que foste velado com honras de ministro de estado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dizem que foste cremado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dizem, dizem e dizem. Mas dizem tanta coisa que não é verdade. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dizem que a esquerda morreu. Dizem que a história acabou. Dizem tanta mentira que, às vezes, como agora, sinto que me roubaram até as palavras. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como pode...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tento disfarçar a minha dor e não consigo. As veias estão abertas e escrever me dói.<br />
<br />
No entanto...<br />
<br />
Lembro de tuas palavras, aquelas que dizem que as pessoas escrevem para denunciar a dor e compartilhar o prazer e que as pessoas escrevem contra sua própria solidão e a dos demais.<br />
<br />
E então me dá vontade de escrever um pouco mais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A verdade é que fiquei sabendo o que soube através de um amigo comum. Nos cumprimentamos e ele me disse o que não queria dizer e eu ouvi o que não queria ouvir. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas foi melhor assim. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Melhor ter escutado do Soler do que de uma estação de televisão qualquer. O Soler é de carne e osso. E muito coração. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já a televisão...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde muito cedo aprendi a gostar da solidão. Isso não quer dizer que eu seja um solitário. Ao contrário. Sempre tive amigos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"A amizade é o encontro de duas solidões e quando duas solidões se encontram surge a comunhão", já dizia uma poeta. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E estava certa, caro amigo.. Estava certa... </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No mundo inteiro, somos muitos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Somos muitos os que pensamos com tua cabeça, caminhamos com tuas pernas, escrevemos com tuas mãos<br />
<br />
Somos muitos os que nos abraçamos com teus braços.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No mundo inteiro, somos muitos os que nos conhecemos através de teus livros e crescemos com tuas palavras e falamos com tua voz.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
E a palavra, já disseste, já escreveste, "quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha.”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por isso, é preciso tornar a começar. Por mais que doa, e hoje dói, é preciso continuar a dizer e não deixar de escrever. Como diz um compositor, poeta e escritor, amigo nosso, "eu não vou desesperar, eu não vou renunciar".<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dizem que morreste, amigo. Dizem que morreste.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Coitados, não sabem nada. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esse é o primeiro dia de uma longa vida para viver. O mundo que queremos (ainda) não é. Mas será. Quem viver verá. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">¡Nos estamos viendo! ¡Nos estamos viendo! </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Assim nos despedimos nós os que nos despedimos sem que nenhum de nós se vá.</div></div>Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-17301722660359890742015-04-10T05:39:00.000-03:002017-05-03T15:57:17.643-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixAPawA65n5xIqfxV5BYf_jIrNnHgLhCxnIpoEqmxNJhxYKaWOREZbU4IOtKsIcf8Stwt2pjnnxewQpMX4QlOv7Rtno92lLtfewC0d2gt-rN2bm8DMVMEMjf-q-XFILZRGSGweISu9XZwu/s1600/01.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixAPawA65n5xIqfxV5BYf_jIrNnHgLhCxnIpoEqmxNJhxYKaWOREZbU4IOtKsIcf8Stwt2pjnnxewQpMX4QlOv7Rtno92lLtfewC0d2gt-rN2bm8DMVMEMjf-q-XFILZRGSGweISu9XZwu/s1600/01.1.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>é isso aí, meu camarada...</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000;"><b>(isso aqui não tá com nada)</b></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
por enilton grill</div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
há quem diga que ele fugiu outros que morreu e outros que enlouqueceu. fugiu não fugiu, morreu não morreu e se enlouqueceu ou não não sei. o que sei é aquilo que todo mundo sabe. o que ele é ele nunca escondeu. ele viveu pra se dar e se deu. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
e depois? bem... depois ninguém sabe bem o que aconteceu. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
sabe-se, pois é é visível, que anda distante. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“conheci vandré quando ele foi internado na emergência psiquiátrica da clínica de botafogo. (...) aparentava ‘tranquilidade’, mas sua fisionomia era de tristeza e dor", disse uma militante médica que trabalhava como residente no rio de janeiro em 74. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
o que foi que aconteceu? simples. geraldo vandré sofreu mais do que foi capaz seu coração de suportar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
difícil de aceitar?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
pra nós pode ser que sim; pra ele talvez não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
difícil de entender?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
acho que não, acho que é fácil de explicar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
só na tristeza e na dor alguém pode entender que a dor tem que acabar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
mas quem quer escutar? quem quer entender?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
se você quiser, vou tentar...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
vandré queria virar o mundo. não deu. o mundo é um moinho.<br />
<br />
triste e sozinho, vandré vive ainda exilado num país por ele inventado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
onde é, não sei, mas acho que é num reino onde não tem rei. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ás vezes ele aparece e fala - diz uma meia dúzia de coisas que não parecem fazer muito nexo, depois cala.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
talvez tenha sido torturado e ainda esteja condicionado e amordaçado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
não sei, ninguém sabe, se está arrependido, doente, deprimido, desiludido, constrangido, ainda revoltado ou já tresloucado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
quando fala se mostra reticente às vezes irônico e outras irritado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
talvez esteja injuriado ou se fazendo de rogado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
a verdade é que não perde a chance de mostrar que está sendo importunado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
sempre sagaz, parece dizer: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- cuidem da vida de vocês e deixem a minha em paz! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
é isso aí, meu camarada...<br />
<br />
fica aí, que isso aqui não tá com nada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<br /></div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-30930225416143966652015-04-02T21:14:00.001-03:002015-09-04T17:51:07.928-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6QXIqqzDhQfUxbJZ_ic0ShMHvt5unWPlN90Dxm-Xbil72kiKJMmTbv3eb3IGBBlazsuvDzXCL9uvK8vOuxKW_FTBm248_f2eWbJxiLvfXoD3bqRzGbSTzFVGNeUWuiSxbNKMM4f45ZIos/s1600/00.2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6QXIqqzDhQfUxbJZ_ic0ShMHvt5unWPlN90Dxm-Xbil72kiKJMmTbv3eb3IGBBlazsuvDzXCL9uvK8vOuxKW_FTBm248_f2eWbJxiLvfXoD3bqRzGbSTzFVGNeUWuiSxbNKMM4f45ZIos/s1600/00.2.png" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Não à redução</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #990000;">(Por um país onde livros e educação valham mais que algemas)</span></b></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Sou contra a Redução da Maioridade Penal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se me perguntassem o porquê eu poderia dizer...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque o sistema prisional não suporta mais pessoas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque o número de crimes cometidos por menores é tão pequeno que não justifica uma mudança na Constituição. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque em outros países onde isso se dá não diminuiu em nada a criminalidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque na idade entre 12 e 18 anos a criança/adolescente está recém formando sua personalidade - e por isso requer um tratamento diferenciado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque educar é mais eficiente que punir e porque o medo de uma punição mais rigorosa não educa ninguém, até porque se assim fosse o problema seria fácil de resolver e já estaria resolvido. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu poderia (ainda posso, ainda me deixam) dizer mais um monte de coisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a verdade é que não sou uma pessoa letrada nessa área (nem em área alguma). Reconheço a insignificância dos meus dizeres. Por isso, passo a palavra para quem sabe os porquês relativos ao tema e (por isso) diz o que diz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Disse o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Antônio Mello:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque cadeia não conserta ninguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque não devemos dar uma esperança vã à sociedade, como se pudéssemos ter melhores dias alterando a responsabilidade penal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Disse o Ministro do TJ -SP, José Renato Nalini:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque a redução tenderá, mais tarde, a passar para 14, depois para 12.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque deveríamos nos preocupar com as causas da delinquência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque qualquer emenda tendente a retirar do patrimônio jurídico um avanço, um direito que já se integrou ao patrimônio jurídico, é considerada um retrocesso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E disse mais...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Disse ter a impressão que o Supremo, com a atual composição, não vai deixar passar isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois é. E se assim é (e é) então que assim seja.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É o que tenho dito (quando me perguntam) e quando não me perguntam mas me dá vontade de dizer.<br />
<br />
É o que tenho dito (quando me perguntam) e quando não me perguntam mas me dá vontade de dizer.<br />
<br />
E se me perguntassem o porquê de dizer o que muita gente já disse eu diria que disse o que disse pelo simples prazer de dizer. E aconselho você a dizer também.<br />
<br />
Mas, se você já disse, (a você) só me resta bater palmas...<br />
<br />
E dizer amém.<br />
<br /></div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-58323332185009468672015-03-28T17:07:00.000-03:002016-07-07T12:52:23.629-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqf4qZAzN4ycFBFL2vD63cXhKJZX4jwbQV3pAHQ4y7CXxlMWmzGMOzZ4AGeWQKPUP2LWSbVUZVSj2R63Yy8goeKJKc65qXLjIK0hTRR50KymaULZBd6mr6cZHqnbK7R3c2cQqY5gSA2QZ9/s1600/Kadafi+1.2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqf4qZAzN4ycFBFL2vD63cXhKJZX4jwbQV3pAHQ4y7CXxlMWmzGMOzZ4AGeWQKPUP2LWSbVUZVSj2R63Yy8goeKJKc65qXLjIK0hTRR50KymaULZBd6mr6cZHqnbK7R3c2cQqY5gSA2QZ9/s1600/Kadafi+1.2.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>(In)justiça com as próprias mãos</b></span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Cuidado! Preste atenção! "Bandido bom é bandido morto" mais que uma expressão é um desejo, mais que um desejo é um delito, que já está sendo praticado. O gatilho já foi apertado. E será outras vezes mais se permanecermos calados. Indignemo-nos!</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<div style="text-align: right;">
(com a ajuda de Georges Bourdokan)</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que você acha de viver um país onde não se paga médico, não se paga remédio, não se paga aluguel, não se paga escola, onde o estudante, qualquer estudante, que quiser se aperfeiçoar em universidades no exterior recebe uma substancial bolsa de estudos do governo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Volta e meia, os reacionários, os retrógrados, os coxinhas, que é tudo a mesma coisa (são todos de direita), questionam onde - em que lugar do mundo - acontece esse outro mundo possível que nós defendemos e eles desdenham.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eles perguntam porque não sabem, se tivessem lido o Livro Verde saberiam...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Líbia de Kadhafi era assim. Não é mais. Deixou de ser depois da invasão dos Estados Unidos e da Otan. Agora a Líbia é mais "civilizada" e mais "democrática". </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Falando sem aspas: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Líbia vive o caos quase quatro anos após a derrubada e o assassinato de Muamar Kadhafi.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o que isso tem a ver com o título? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Explico (e peço ajuda ao Bourdokan):</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1969, Kadhafi derrubou a monarquia de Idris I e sua primeira atitude foi nacionalizar os poços de petróleo e aplicar os recursos em benefício da população, que até então vivia em total exclusão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vou desenhar (com a mão do Bourdokan)...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Líbia é um país desértico, começou a se transformar num oásis e numa ameaça para os governos das nações vizinhas.Eram nações dominadas por elites entreguistas e corruptas. Por isso, quando Kadhafi iniciou a distribuição de renda, as retaliações, lideradas pelos Estados Unidos, não tardaram em vir. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Destruir Kadhafi tornou-se uma prioridade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A partir daqui então sigo sozinho (sem o Bourdokan e sem ninguém mais).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entra então em ação a já conhecida operação midiática (de âmbito global) que vende a imagem de quem quer que seja como eles querem que seja e como eles querem que a gente 'Veja'. Se a imagem será boa ou má dependerá única e exclusivamente de seus interesses e dos interesses de quem os paga. No caso de Kadhafi pintaram a pior possível, com mentiras e requintes de crueldade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pronto. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de escolhido o alvo e de tê-lo solapado e arruinado o ato seguinte se dá sob os olhos, os desejos e os aplausos de meio mundo (e com o beneplácito de deus). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois que seja feita a vossa vontade...Se bandido bom é bandido morto, Kadhafi está morto e a Líbia destruída. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E assim é a vida (a)baixo a pena de de morte. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
PS: Ei, justiça, presta atenção! Andam falando em ti em vão, para em teu nome (e em nome do petróleo), fazer (in)justiça com as próprias mãos.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-36578208716403677032015-03-24T18:25:00.003-03:002015-09-04T17:53:16.183-03:00<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQg1EAM9s4IZXRXR-VE1G70i9ftb8gf8gdts_-ulEwauUXC368jLqBpti2tixcpTW6yoj7Ny2lOxtCP0jJYcn8QfDMc2cK54jKDv3uZSOhxk44kek4SN5a2ZjzdX0S8lzSVhuETwjROWxT/s1600/dita+000.1.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQg1EAM9s4IZXRXR-VE1G70i9ftb8gf8gdts_-ulEwauUXC368jLqBpti2tixcpTW6yoj7Ny2lOxtCP0jJYcn8QfDMc2cK54jKDv3uZSOhxk44kek4SN5a2ZjzdX0S8lzSVhuETwjROWxT/s1600/dita+000.1.1.jpg" /></a></div>
<br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Apesar de vocês </b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill </div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A questão aqui não é se há ou não esquerda e direita. A questão é saber quem é de esquerda e quem é de direita. E concordo que tem muita gente (e partido) se dizendo de esquerda e fazendo política de direita. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já disse uma vez (e direi outras mais) não sou maniqueísta. Não é disso que se trata. Trata-se de deixar bem claro que há dois lados. O que não significa dizer que um é do bem e outro do mal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, partindo do princípio que quem chegou até aqui sabe - ou pelo menos tem conhecimento - em relação a origem dos termos, vamos ao que interessa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os sentimentos que movem uma pessoa de esquerda não são os mesmos de uma pessoa de direita. E vice-versa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Senão vejamos:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando uma menina aborta na favela, quando um índio é queimado, quando um mendigo é espancado quando um negro é perseguido, quando um sem-teto é despejado, quando um sem-terra é massacrado, quando uma mulher é desrespeitada...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando tudo isso acontece, na melhor das hipóteses, vocês dizem:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
-Eu não tenho nada a ver com isso. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vocês não ligam, não é com vocês, vocês não estão nem aí. E é bem aí - ou mais aí - que nos afastamos. Vocês - quase sempre e em quase tudo - acham que não têm nada a ver com nada, a não ser com vocês, com os de vocês e com os que vocês consideram iguais a vocês. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vocês, por exemplo, são contra a Comissão Nacional da Verdade e a favor da volta da ditadura. Vocês, na verdade, não estão nem aí para a democracia, que está onde está não (por causa) de vocês e sim (apesar) de vocês e que só não é mais participativa (como deveria ser) porque vocês não querem e não deixam que ela seja. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra coisa:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vocês são a favor da meritocracia, onde "os de cima sobem e os de baixo descem". Vocês são contra os Direitos Humanos, vocês acham que bandido bom é bandido morto e vocês acham justo esse sistema que põe preço nas coisas e nas pessoas, onde quem mais vale é quem mais tem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vocês não se importam com a construção de um país mais justo e menos desigual. Vocês não estão nem aí pra isso. Vocês só estão preocupados com uma coisa: melhorar as coisas para vocês e (olhe lá) para os de vocês. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra coisa só: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para vocês, da direita, que acham que estão mudando alguma coisa eu acho que vocês estão se achando. A vida não se resume a manifestações bancadas pela Rede Globo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chega de hipocrisia! Vocês dizem que (por causa) de vocês amanhã vai ser outro dia. Pois eu digo que (apesar) de vocês amanhã há de ser outro dia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma coisinha só mais: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desnecessário dizer (mas eu digo) que o título deste texto - onde eu digo o que digo - remete a um velho (e caro amigo) que disse o que disse qual vocês não queriam que ele dissesse. Mesmo assim - e apesar de vocês - ele disse. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só mais uma coisa: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dizer que vocês, da direita, são contra a corrupção - como vocês dizem que são - não só não é verdade como é uma baita de uma cretinice.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para nós - tanto faz da esquerda quanto da direita - que dividimos a humanidade entre os do bem e os do mal - ouçamos um bom conselho - nos é dado de graça: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Leiamos um pouco mais de Nietzche.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-6212487000280961812015-03-17T06:15:00.002-03:002015-09-04T17:53:43.660-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtm83xPYZKR_fIVYs1IYApy0fea1IyyjgiplTgZdwizCQZ5CiYPmSyBpTlsL8CPrLzobgpe536jePCX-EBf9o8wdzLFStWcVF_WO7jTmsPwWyR_XaalrJeCBcI7lKAwQcwSGdOmQfV1QKo/s1600/Negros+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtm83xPYZKR_fIVYs1IYApy0fea1IyyjgiplTgZdwizCQZ5CiYPmSyBpTlsL8CPrLzobgpe536jePCX-EBf9o8wdzLFStWcVF_WO7jTmsPwWyR_XaalrJeCBcI7lKAwQcwSGdOmQfV1QKo/s1600/Negros+1.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<b style="color: #990000;"><span style="font-size: large;">Negros e negras</span></b></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
No desafio por trabalho e renda</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Dias 20 e 21 na Câmara Municipal:</div>
<div style="text-align: center;">
“1º Congresso de Negros e Negras de Pelotas”</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
Por Carlos Cogoy</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Saúde, educação, cultura e religião. Alguns dos eixos que serão debatidos no 1º Congresso de Negros e Negras, que acontecerá sexta e sábado no Legislativo Municipal. Para a servidora da UFPEL, Catharina Beatriz dos Santos Motta (Foto), todos os temas são importantes mas “tem uma questão que, no meu ponto de vista, é fundamental: trabalho e renda. Considero que essa temática deve ser aprofundada. Afinal, temos muitos jovens que estão se formando, e pra quê? No momento da escolha dos profissionais, sempre nos passam a perna”, avalia Catharina. Licenciada em educação artística, atualmente ela integra o grupo de trabalho “Etnias” da Asufpel (Sindicato dos Servidores da UFPel). Em relação ao tema que destaca, Catharina menciona: “O 1º Congresso de Negros e Negras de Pelotas será importante instrumento de discussão de vários temas. Considero que a geração de renda será fundamental para refletir a situação da ocupação dos negros. O racismo, seus efeitos e mecanismos de reprodução, tem impactado de modo expressivo e perverso a sociedade brasileira, pois os indivíduos são selecionados com base no pertencimento racial”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
PELOTAS – Catharina há dezessete anos participa do movimento negro. Na trajetória, esteve integrada ao então “Lanceiros Negros”, Fórum de Mulheres Negras de Pelotas, Seminário de Consciência Negra de Pelotas (SECONEPE), Grupo DEA e projeto de extensão “De mãos dadas com nossas raízes e nossos irmãos”. Em relação à cidade natal, ela reflete: “Pelotas é uma cidade conservadora. Na sua história de charqueadas, casarões, enfim, cada lugar que se ande, sentimos a mão escrava. E principalmente nas ruas onde pisamos, pois as pedras dos calçamentos foram assentadas pelo suor de muitos negros. Nas charqueadas, o sangue dos escravos se misturava ao sal e suor. Mesmo assim, com essa relevância no passado, a cidade nos despreza. Somos sempre os últimos em tudo. O preconceito ainda impera e está muito presente. Aos negros cabem os piores empregos, piores salários, piores moradias. Avanços? Poucos, e muitos por causa de ações afirmativas do governo federal, lógico que impulsionadas pela militância negra e movimentos sociais. Muitos negros hoje moram um pouco melhor, alguns já estão na universidade, mas a grande maioria ainda continua nas vilas, em condições precárias de habitação, sem saneamento básico, sem emprego, sem atendimento digno na questão da saúde. No comércio local já visualizamos um ou outro negro na linha de frente do atendimento. Mas a proporção ainda é pequena, muito pequena”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
PAÍS – Vinculada ao Partido dos Trabalhadores (PT), Catharina integrou o diretório e militou “em função da causa negra”. Ela analisa a questão em âmbito nacional: “No Brasil, apesar de alguns avanços, como a lei 10.639, que institui às escolas o ensino da história africana, a mudança ainda está muito devagar. Notamos que após dez anos, apesar do esforço de alguns professores, praticamente nada aconteceu. O governo petista, mesmo que alguns setores considerem que ainda não priorize a questão negra na sua agenda de compromissos, na minha opinião tem proporcionado melhorias. Projetos como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Prouni, Cotas etc., ajudaram bastante a questão étnica. Ressalto que a maioria dos beneficiários é de negros, que estavam abaixo da linha da pobreza”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
DEBATE – Catharina menciona sobre a trajetória no movimento negro, e as perspectivas do congresso em Pelotas: “Em relação ao congresso, tivemos mobilizações semelhantes. No início dos anos 2000, Pelotas sediou a Pré-Conferência da Comunidade Negra. A culminância foi a Conferência Estadual em Caxias do Sul, com grupos de diversas cidades. À época governos Fernando Marroni no município, e Olívio Dutra no Estado. Naquele momento, a comunidade negra estava mais inserida nos partidos políticos, tínhamos mais ‘trânsito’, e conseguíamos realizar determinados eventos. Então, sobre o congresso neste mês, creio sim que podemos lançar novas ideias. E principalmente mostrar a jovens lideranças, que estão chegando, que o caminho é a discussão, enfrentamento e respeito pela causa. Acredito que o congresso será marco histórico e terá sequência, pois haverá a participação de muitos estudantes e profissionais de diferentes áreas. Eles levarão adiante a ideia, que poderá ser a cada dois anos, ou de quatro em quatro anos. Afinal, não é quando os ‘aguapés’ começam a se mexer?”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
DEFINIÇÕES do congresso, conforme a opinião da servidora pública: “Os negros historicamente recebem os menores salários, muitos em condições desumanas de trabalho. Também sofrem com o assédio moral. Mesmo com algumas mudança nas condições de vida das mulheres e homens negros, consequência de iniciativas governamentais em relação à política de promoção da igualdade racial, ainda persistem os diferenciais que, comparativamente aos brancos, colocam os negros em desvantagem. Com o congresso considero que, certamente após a conclusão dos debates, teremos a deliberação de documento. Com isso, poderemos cobrar das instâncias governamentais, o devido respeito à comunidade negra local. Estaremos deixando bem claro o quanto contribuímos com esta cidade, e por isso reivindicamos reconhecimento e atitude”.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-53665966154087359592015-03-15T08:12:00.002-03:002015-09-04T17:54:10.996-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzx22dgiXgLnCt7PoldngFJaPgekxKjxsMIqocaKV9suz6ICd-O4YCOAT7C8QMKm8HCD1OUxLo6FwXBmAUbQBpPHOwNEd4HSI8zVOlj8-xo4WTaelTnO8Wa004Y62QFMuMvzWa8Hxz1MKP/s1600/PT+1.2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzx22dgiXgLnCt7PoldngFJaPgekxKjxsMIqocaKV9suz6ICd-O4YCOAT7C8QMKm8HCD1OUxLo6FwXBmAUbQBpPHOwNEd4HSI8zVOlj8-xo4WTaelTnO8Wa004Y62QFMuMvzWa8Hxz1MKP/s1600/PT+1.2.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Um inconformado...</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Um inconformado é um obsessivo compulsivo. Tem pensamentos que o incomodam. Sente-se na necessidade de repetir algumas ações várias vezes, sem nenhum motivo aparente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um inconformado é um renitente, às vezes um herói, e, na maioria das vezes, uma pessoa pouco inteligente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim como eu...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu queria ser como a maioria dos meus amigos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tomar uma ou duas cervejas ou uma ou duas doses de uísque ou um ou dois martelinhos, jogar conversa fora oitavado num balcão de bar, e depois ir embora para casa dar um ou dois tapas (num baseado) dormir e viajar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim era eu. Eu queria fazer o que (a maioria) dos meus amigos fazia, eu queria ser como eles eram.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando eu descobri que eu não era como a maioria dos meus amigos já era tarde demais. Eles tinham uma casa para morar e eu já não tinha para onde voltar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse é o problema do inconformado. Ele não se conforma com a derrota. Ele sempre inventa uma desculpa para voltar a brigar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Às vezes, o inconformismo é uma virtude e o inconformado um herói.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em outras, é só uma doença (uma obsessão). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Neste caso, ou o paciente se trata ou providencia a extrema-unção.</div>
<br />Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-55733005149912326032015-03-12T22:04:00.000-03:002015-09-04T17:54:32.699-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP6Gv_TdAjsSZjmvXhts0wjxek7ARtRldtD6XT_SD4aHxV9j9dxXDHW9j2DD8z4Xx9Y-2QERo3xaWSZBbld9ULzrr3p1tXRQf_4vfa7LWflvIrV7Lz5OyKTao5Ie1sO2tOia9Wqb_50Wao/s1600/Brizola+1.4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP6Gv_TdAjsSZjmvXhts0wjxek7ARtRldtD6XT_SD4aHxV9j9dxXDHW9j2DD8z4Xx9Y-2QERo3xaWSZBbld9ULzrr3p1tXRQf_4vfa7LWflvIrV7Lz5OyKTao5Ie1sO2tOia9Wqb_50Wao/s1600/Brizola+1.4.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #990000; font-size: large;">Brizola</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: large;"> </span><span style="color: #990000;">(e os 'filhotes da ditadura')</span></b></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
(À memória de meu pai)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não tenho intenção de ser (e não sou) - em nenhum sentido e tampouco no marxista - revisionista. Muito menos estou sendo acometido por alguma recaída pró-brizolista.<br />
<br />
Mesmo que estivesse não ia adiantar mais - o Brizola não está mais aqui e outro como ele nunca mais. Além do mais, quando tive a oportunidade de escolher entre o Brizola e o Lula já era petista de carteirinha e não me arrependo nem um pouco da escolha que fiz, pois a fiz senhor de mim e na plenitude das minhas faculdades mentais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E dizendo isso, digo mais... </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quem diria que mais de vinte anos depois do histórico debate para presidenciáveis da Band - onde Brizola chamou Maluf e a plateia toda (composta de assessores e jornalistas) de "filhotes da ditadura" - estaríamos todos nós (da esquerda) envolvidos em escaramuças com eles, os "filhotes da ditadura". Quem diria que estamos de novo tendo que ir pras ruas pra defender a democracia. Quem diria que estamos tendo de novo que dizer (gritar) e escrever "Ditadura nunca mais!". Quem diria?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E quem chamaria (e chamou) a imprensa golpista deste país de "filhotes da ditadura"? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais de vinte anos atrás?! Só o Brizola...nenhum outro mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas pode ser que esteja enganado (e tenham denunciado, alertado, brigado, vociferado outros mais). Já faz tanto tempo que nem lembro mais. Eu tinha vinte e poucos anos (e tinha meu pai). Hoje eu tenho vinte e alguns anos (a mais) e tenho memória de menos e saudades demais.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-80909592761229554302015-03-12T06:33:00.001-03:002015-09-04T17:55:08.255-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgZgZv5mjuyu1m4-MfReD78JeGeB85Y26FaFXeZHFwsdKhf7ztXEWC5808XtvZMLyhHeUbEsu4Y1Vh5CCuEMT2Z9R_gzp7SgKFw1fUHYfKIH24tzXehVXpC7uzr2EbEgt3j4cya8TGzAuO/s1600/Sim%C3%B3n-Bol%C3%ADvar2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgZgZv5mjuyu1m4-MfReD78JeGeB85Y26FaFXeZHFwsdKhf7ztXEWC5808XtvZMLyhHeUbEsu4Y1Vh5CCuEMT2Z9R_gzp7SgKFw1fUHYfKIH24tzXehVXpC7uzr2EbEgt3j4cya8TGzAuO/s1600/Sim%C3%B3n-Bol%C3%ADvar2.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Unión!Unión!</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000;"><b>(pediu, antes de morrer, um tal Simón)</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
07 de outubro de 2001. Afeganistão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais uma vez os Estados Unidos apertavam o gatilho da morte e as primeiras bombas eram jogadas sobre o solo afegão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais de uma década atrás tinha início mais uma guerra na história do mundo. Antes havia sido a Coréia, o Vietnã, Cuba, Nicarágua, México, o financiamento aos anos de chumbo no continente....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E qual será a bola da vez? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não precisa ter bola de cristal (basta ler qualquer jornal) pra saber que a Venezuela está na mira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, com Bush a mira era mais certeira. Com Obama ela está um pouco mais desfocada. Mesmo assim, não nos enganemos, a mira está apontada. Não há do que duvidar. É só esperar a ordem de apertar o gatilho e atirar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A história é circular, dizem alguns. Se é ou não é, não sei (e duvido quem saiba). Mas, por via das dúvidas, é bom lembrar o que os Estados Unidos já fizeram outras vezes. Eles miram num alvo menor para acertar num maior. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois então, botemos as barbas de molho e nos armemos das armas que sabemos usar e as usemos. Pois ao mirar na Venezuela é na Nossa América que os ianques (mais uma vez) querem acertar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se vão acertar ou não, até acho que não. Basta recordar Playa Girón. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seja como for, não custa lembrar: </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Unión! Unión! (pediu, antes de morrer, um tal Simón).</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-28739138582987705562015-03-08T23:07:00.000-03:002016-03-08T11:58:30.284-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb7LwrCDRMUI2z76nw0L-bY0JGwjxWnNdf9EQQ7A4KvCvcZAWK1KCQ64uYSuHhhBDawRrv6d1RIsrLtHTin8_WrR4hjGfmf7OJKm8ZINrTZei4gOX2EsE1e3Ah4CX_rh6SXpuMGmlo-qTH/s1600/Soledad+1.12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb7LwrCDRMUI2z76nw0L-bY0JGwjxWnNdf9EQQ7A4KvCvcZAWK1KCQ64uYSuHhhBDawRrv6d1RIsrLtHTin8_WrR4hjGfmf7OJKm8ZINrTZei4gOX2EsE1e3Ah4CX_rh6SXpuMGmlo-qTH/s1600/Soledad+1.12.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Mujer bonita es la que lucha</b></span></div>
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<div style="text-align: right;">
Por Enilton Grill</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Soledad foi uma militante comunista paraguaia, que vivia no Brasil e fazia parte da Vanguarda Popular Revolucionária VPR.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Soledad lutava contra a ditadura no Brasil.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Soledad antes de chegar ao Brasil passou pela Argentina e pelo Uruguai, onde foi marcada a navalha aos 17 anos em Montevidéu, por se negar a gritar "Viva Hitler!" e "Abaixo Fidel!".</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Soledad era mulher do Cabo Anselmo, que a traiu e a entregou para a execução, em 1973.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Soledad estava grávida do Cabo Anselmo e apresentava marcas de algemas nos pulsos e equimoses espalhadas pelo corpo quando foi assassinada nos arredores do Recife (PE), num episódio conhecido como o Massacre da Chácara São Bento.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Soledad era neta do escritor anarquista Rafael Barret, era de uma família culta e politizada; e ainda que não fosse bela (como era), de uma beleza de causar encanto, Soledad seria (e era) uma mulher mais encantadora ainda (e bela) por ser uma mulher batalhadora e sonhadora (como era).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Soledad era uma mulher lutadora que sabia que o terreiro de casa não se varre com vassoura se varre com ponta de sabre e bala de metralhadora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E são as mulheres que são o que Soledad foi que fazem qualquer dia ser um dia especial.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vocês ofereço um roseiral, vermelho e virginal.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-17710932120168223782015-02-25T05:07:00.000-03:002015-09-04T17:56:26.425-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioWOXOM8S4B_PfDJaVc7Nh_yXzcYuF2o8qfF8OImataQyppOsrDyeDdxdJMhw0RstMxF47A41DY6bVOAnu30VkJLgIaTONB0jTzFYdgzcoEq1JTS3-oNGtID4Q6xSxpokZdGVf49KbHh3L/s1600/relatos+selvagens+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioWOXOM8S4B_PfDJaVc7Nh_yXzcYuF2o8qfF8OImataQyppOsrDyeDdxdJMhw0RstMxF47A41DY6bVOAnu30VkJLgIaTONB0jTzFYdgzcoEq1JTS3-oNGtID4Q6xSxpokZdGVf49KbHh3L/s1600/relatos+selvagens+1.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Relatos selvagens</b></span></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: center;">
A crueza alegórica do cotidiano voraz</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Em sessões às 17h e 21h50min, produção argentina “Relatos Selvagens” está em exibição na sala 5 do Cineflix no Shopping</div>
<br />
Por Carlos Cogoy<br />
<br />
Após jejum de filmes razoáveis, uma bela obra em exibição no Shopping Pelotas. Em duas horas, seis relatos que espiam o abismo. Cada episódio uma sentença. Reunidos, chegaram com fôlego à indicação para o Oscar de filme estrangeiro. “Relatos selvagens” não levou a estatueta. O que pouco importa, considerando-se que “Selma” – aborda a questão negra nos EUA -, também não venceu como melhor filme. Enquanto o Oscar prossegue “selvagem”, contundentes e lúcidos relatos aguçam a sensibilidade e inteligência. Com direção do talentoso Damián Szifrón, “Relatos selvagens” também remete a inescapável comparação com a produção cinematográfica no País que “Lava Jato”. Nem tudo é ruim, mas tem sido frequentes as idiotices cujos elencos, para atrair bilheteria, escalam celebridades das novelas de tevê.<br />
<br />
SEIS episódios à procura de uma razão. No filme argentino, surpresas perante tramas inusitadas, apreensão com desfechos imprevistos, riso diante da ficção que espelha o cotidiano. Em cada história, atores transitam sobre o abismo que separa razão e loucura. Na abertura, voo emblemático. No avião, poucos minutos são suficientes para inquietar. E a “turbulência” é tão intensa que sacode, além dos passageiros, também os espectadores na sala de cinema. Afinal, o que se insinua como o trivial início de viagem corriqueira, gradativamente vai se desdobrando num percurso rumo a destino tragicômico. Na bagagem, a bomba não é artefato explosivo, mas também possui elevada capacidade de destruição. Trata-se de viagem aos traumas do passado. E alegoricamente um psiquiatra está na aeronave. O pouso não será acidental.<br />
<br />
COLESTEROL da porção de batatas fritas, como causa para a morte de mafioso. Num café à beira de rodovia, o cliente é atendido por garçonete. Ela o identifica e recorda momento doloroso. A cozinheira do lugar ouve o desabafo da colega. Num dos momentos mais hilariantes, surge a dúvida se o “veneno para rato”, com validade vencida, torna-se mais eficaz ou menos nocivo. Ex-presidiária, a cozinheira afirma que “na prisão era mais livre do que essa merda toda”. Com a chegada de adolescente, filho do cliente, Fanta sobre a mesa.<br />
<br />
PNEU furado pode ser fatal. Numa rodovia, Audi tripulado por “bon vivant”. À frente, arrastando-se sobrecarregado, carro popular bem rodado. A estrada é o abismo entre dois mundos e realidades sociais antagônicas. O episódio é caricatura que transcende o vulgar litígio no trânsito. Trata-se de relato sobre o cotidiano voraz, sem inocência ou ingenuidade, tanto do endinheirado quanto do espoliado. A crueza acelera e o fim da viagem tem conotação que ridiculariza as pretensas diferenças. Todos rodam no mesmo chão.<br />
<br />
SISTEMA explora. Numa teia burocrática com filas, guichês e funcionários treinados na “lógica binária” - sim e não -, armadilhas estão à espreita. As “minas” explodem no bolso do contribuinte. E podem estar armadas em banalidades como o simples estacionamento do veículo. O meio-fio não estava “marcado”, mas o carro foi guinchado. A vítima é o engenheiro interpretado pelo ator Ricardo Darín. Especialista em explosivos, ele desafia o sistema.<br />
<br />
FILME tem ainda dois episódios excelentes. No penúltimo, jovem de classe média alta atropela e mata gestante. O que sucede, em interpretações magistrais, é uma ciranda de venalidades, corrupção e propina. Na festa de casamento, relato que encerra a obra, ciúme gera comemoração surrealista. Aos convidados, ódio, rancor, ironia, cobiça, medo e ternura.Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-75195613271630177372014-09-06T07:11:00.000-03:002015-03-01T06:17:33.884-03:00<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8TkcPM0oPZllJ6iO3ipCJRlJET37N4GhS0kwi6EQ9ySAyTN2W6Lmegts7APDNncx0hH1b5rSMrQTj0-zhVSHwuz0W6Ggcaea7E8_n_rUKFl6nKGeG5fecIFPIwvRGEwZx7wIdqtoQcEp/s1600/00.1.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8TkcPM0oPZllJ6iO3ipCJRlJET37N4GhS0kwi6EQ9ySAyTN2W6Lmegts7APDNncx0hH1b5rSMrQTj0-zhVSHwuz0W6Ggcaea7E8_n_rUKFl6nKGeG5fecIFPIwvRGEwZx7wIdqtoQcEp/s1600/00.1.1.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 10px; text-align: start;">Atriz Emma Stone, diretor Woody Allen e Colin Firth</b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b style="color: #990000;"><span style="font-size: large;">A LEVEZA DO ABISMO EM 'MAGIA AO LUAR'</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: right;">
POR CARLOS COGOY</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entretenimento ou reflexão? Distração ou questionamento? Lazer ou cerebral? Em “Magia ao Luar” – sessões neste sábado e amanhã às 16h50min na sala 3 do Cineflix no Shopping Pelotas -, Woody Allen beira o abismo, espia o fundo sem fim, volta-se ao público nas poltronas e sorri com leveza.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Morte ou eternidade? Amor ou pieguice? Racionalidade ou espiritualidade? Em “Magia ao Luar”, ciranda que alterna respostas. No giro das perguntas que sacodem a humanidade, mágico apega-se à ciência como amparo na tempestade das incertezas. Já a vidente apega-se ao pragmatismo como salvação no vendaval dos gastos financeiros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Verdade ou mentira? Ataque ou defesa? Presunção ou inveja? Em “Magia ao luar”, o abismo demasiadamente humano. Nietzsche está morto, Deus também. Mas a fúria miúda, movida pela estreiteza das ambições, revigora-se nas perdas e danos emocionais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A magia do abismo, e a leveza ao luar. Woody Allen espia algumas das questões sem fim, volta-se ao público, sorri sarcástico e despede-se com final mágico.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-26110113188549259402014-09-02T20:16:00.000-03:002016-03-14T13:41:15.574-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpFkBgjMwWOBARyWLmWdQnmldyW7u_1iTSs3vT5aFeC-FjTtCR1I1AqdhQ66bLmuCvJH7bERbkHd2FA775ku9V3FQRSpEAZRTaiSIC2eeXdSbXsLGv7NScaxmBoP03sbILxEPINNZiMSZ5/s1600/Ata..000.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpFkBgjMwWOBARyWLmWdQnmldyW7u_1iTSs3vT5aFeC-FjTtCR1I1AqdhQ66bLmuCvJH7bERbkHd2FA775ku9V3FQRSpEAZRTaiSIC2eeXdSbXsLGv7NScaxmBoP03sbILxEPINNZiMSZ5/s1600/Ata..000.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Sembomatsu-Bára</b></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<br />
De Atahualpa Yupanqui</div>
<br />
<br />
<br />
Traduzido por Enilton Grill<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i>
<i>Ay del que llega sediento</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>y mira el agua correr.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Y dice: «La sed que siento</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>no se calma con beber.</i></div>
<div style="text-align: right;">
Antonio Machado<br />
<br /></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Este é o lago sagrado, o <i>Biwa</i>, de claras águas <i>aceradas</i>. Um horizonte de colinas e cerros o separam do mar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj4S70XnIw7fF0bARQC-vKNl1NgpxzpuFI_8DnDJKykLV4FeODNnDq2BUjoyI0i2gedKyb4RXIWtvm2TaS5C9Kk_nVuNoN_5b5A4FBfwfpXacXZ8IQ_n3kpZX17rooT209PuBQhnGx8OD3/s1600/ata+0000.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj4S70XnIw7fF0bARQC-vKNl1NgpxzpuFI_8DnDJKykLV4FeODNnDq2BUjoyI0i2gedKyb4RXIWtvm2TaS5C9Kk_nVuNoN_5b5A4FBfwfpXacXZ8IQ_n3kpZX17rooT209PuBQhnGx8OD3/s320/ata+0000.jpg" width="320" /></a>Quando a flor da cerejeira começa a antecipar primaveras na montanha, a neve rompe seu silêncio e ensaia um canto de cristal sobre as pedras. E se faz fio d'água, caminho viajante, arroio travesso. E todos seus frescores vão ao <i>Biwa</i>. E contam as coisas que ouviram na montanha durante o inverno. Contam as canções dos lenhadores (homens de machado afiado, cara gris e sapatos de madeira). Contam o amor das meninas por entre os pinheiros, a ronda dos caçadores, a lenda que sempre está na boca dos avós, guardiães da arte dos menestréis. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eles, pelos avós, sabem as crianças o melhor e mais antigo da comarca. Sabem e não duvidam, que uma vez houve um gigante, muito gigante e muito sábio que extraiu lodo do fundo do <i>Biwa</i>, e amassando-o com pedras de cores fez uma montanha que chamou <i>Fujiyama</i>, para que todos os seres o vejam como símbolo e saibam que está feito com vontade e com tempo, com toda a força da fé. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Este é o <i>Biwa</i>, entre o <i>Fuji</i> e o mar. E existe um cerro menor, o <i>Shinyu-óka</i>, que significa: <i>Cerro Callado</i>, <i>Cerro del Silencio</i>. Até o seu topo vão os pescadores depois de uma desgraça. Quando o mar se faz tumba, os homens da costa preparam um arpão de madeira. E o cobrem de flores. E sobre o boné, uma tocha. E vão em caravana por um caminho estreito até o topo do <i>Shinyu-óka</i>. Ali descansam um instante, e logo, todos de pé na noite povoada de candeeiros, pensam nos jovens que o mar sepultou. Ninguém fala. Pensam o melhor, que é a melhor maneira de rezar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O <i>Cerro del Silencio</i> recebe todas as vibrações, que um dia hão de rodar até o <i>Biwa</i>, quando o sol de abril converter as neves em cânticos e choros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma fria manhã de fevereiro andei essa comarca, desde <i>Hamamátsu</i> até <i>Kioto</i>, a antiga capital <i>del Nipón</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como um <i>rabdomante</i> com sua vara de vime, eu procurava também por um <i>jaguel</i> de lendas, portando uma guitarra argentina e um velho poncho provinciano. Assim atravessei o túnel de nove quilômetros. Assim encontrei o caminho do <i>Shinyu-óka</i>. Assim cheguei á tarde a uma aldeia, <i>Sembomátsu-Bára</i>, o <i>«Cerro de los mil pinos»</i>. Aí no mais, passando os pequenos arrozais, o <i>Biwa</i>. E no outro lado, o mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É muito difícil penetrar nas entranhas da alma japonesa. Este povo tem muitos séculos de vida-caracol, metido em si mesmo. Os deuses manejam toda sua conduta. Em meio ao povo, o budismo, especialmente a seita dos Tzen. Em meio à burguesia e à velha aristocracia, o xintoísmo, que é a autêntica religião japonesa. E desde suas comidas até sua saudação, a viagem, a família, o lugar, a palavra e a cor das roupas, tudo está determinado por um antigo ritual.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos se ajudam para viver, mas ninguém tenta evitar a morte de ninguém. Talvez por isso o suicídio é considerado pelos sociólogos como endemia permanente no país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez por isso uma noite, no <i>Sembomátsu-Bára</i>, morreu o último poeta romântico da região: <i>Boksuí.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Passada a tragédia da guerra, <i>Boksuí</i> voltou a sua aldeia. Como era lenhador, voltou para as montanhas e seguiu trabalhando em sua profissão. Oficio ritual, pois antes de ferir a madeira se abraçava à árvore e beijava a casca, como quem se despede de um ser querido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Duas vezes por semana carregava de gravetos um velho carro e rumava para a cidade. Repartia sua lenha entre a clientela, e ao passar por um pequeno jornal deixava um poema, e voltava logo em seguida, lentamente como si carregasse toda a paisagem sobre seu coração, à sua cabana no <i>«Monte de los mil pinos»</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a guerra havia trazido a destruição e a pobreza. E as pessoas simples da cidade não podiam pagar por sua mercadoria. <i>Boksuí</i> disse: <i>«Não importa».</i> E seguiu por muito tempo cuidando do mesmo trabalho, fazendo versos, mirando as brumas do <i>Biwa</i> no inverno, vendo longe os tetos e as curtas chaminés por onde saia a fumaça de dentro das casas. E a fumaça era a alma de seus pinheiros, o rigor de suas mãos, o beijo e o machado do homem na primeira luz da manhã.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já não tinha tabaco para seu cachimbo. Sua caixa de legumes estava vazia. Mas <i>Boksuí</i> pensava nos demais, nos vizinhos, nas crianças, no inverno brabo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um meio-dia desceu à cidade com seu carro carregado de lenha. Era sua última viagem, e ele talvez já soubesse.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao passar pelo pequeno jornal de seus amigos deixou um poema:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Cuántos montes tendré que atravesar,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>cuántos ríos, cuántos lagos,</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>para llegar, al fin, a una región</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>donde no tenga cabida</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>la tristeza...</i></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">(Fragmento do último poema de Boksuí)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Retornou a sua cabana de <i>Sembomátsu-Bára</i>. Os aldeões o encontraram morto sobre seu <i>«tatámi»</i>, a esteira de juncos. Em seu fogão não havia sequer rastros de um pedaço de lenha. Toda ela havia dado, havia repartido por aí. Quando a morte o foi buscar, acabara de completar 44 anos de idade. Mais de que que uma grande lembrança, deixou seus poemas, que os amigos reuniram em um volume com o título de seu lugar de morar: <i>Sembomátsu-Bára.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos os anos, quando completa um novo aniversário de sua morte, vão à cabana de <i>Boksuí </i>os poetas, os pintores e os aldeões. Ali acendem o fogão e jogam ervas aromáticas. E dizem poemas e cantam alguma canção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu havia querido cantar aquela tarde, mas apenas pude <i>cajonear una vidala</i> sem palavras:<i> Lloran las ramas del viento.</i> E de fato, havia um vento estranho que passava assobiando por entre os pinheiros, estremecendo os juncos da beira do <i>Biwa.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">ATAHUALPA YUPANQUI</span></i><br />
<i><br />
</i> <i><br />
</i> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhucuWCXCfX8Gxr82ySLP_5v8myatmM2fLy2PNhGorOV8gEDeV63nat97RhYyta39JDHDvMOmSiUdslFuwyGpSeILPPDDCy9_U_YIA1h7bAdck1IqqjxlVQ20bTJBGW1M7NBq48PnCEUzU_/s1600/ata+ooooo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhucuWCXCfX8Gxr82ySLP_5v8myatmM2fLy2PNhGorOV8gEDeV63nat97RhYyta39JDHDvMOmSiUdslFuwyGpSeILPPDDCy9_U_YIA1h7bAdck1IqqjxlVQ20bTJBGW1M7NBq48PnCEUzU_/s320/ata+ooooo.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br />
</i> </div>
<div style="text-align: center;">
EL MONTE DE LOS MIL PINOS</div>
<div style="text-align: center;">
FAIXA 05</div>
<div style="text-align: center;">
CD LA PALABRA</div>
<div style="text-align: center;">
GRABACIONES INEDITAS</div>
<div style="text-align: center;">
ATAHUALPA YUPANQUI</div>
<div style="text-align: center;">
2000<br />
<span style="font-size: x-small;"><object height="200" width="350"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=2ed5bac" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="350" height="200"></embed></object></span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhs5Z_-_2LrM8334Hj2KyHvBaW0hqP4Y1rXvzcxb3pfqq_4zou4GTs-6XKlvmIYCYUhqJtxrPVuaU1jvr6JNwUnQhdGbqaubGcCVeflqR1kD4XZsfK9gY_GTK3An66R32wABnpVu06-1cK/s1600/ata00000.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhs5Z_-_2LrM8334Hj2KyHvBaW0hqP4Y1rXvzcxb3pfqq_4zou4GTs-6XKlvmIYCYUhqJtxrPVuaU1jvr6JNwUnQhdGbqaubGcCVeflqR1kD4XZsfK9gY_GTK3An66R32wABnpVu06-1cK/s320/ata00000.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i><br />
</i></div>
<div style="text-align: center;">
LLORAN LAS RAMAS DEL VIENTO<br />
FAIXA 12</div>
<div style="text-align: center;">
ATAHUALPA YUPANQUI</div>
<div style="text-align: center;">
1971</div>
<div style="text-align: center;">
<object height="200" width="350"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=038228a" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="350" height="200"></embed></object></div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-90090749480697882682014-08-05T06:38:00.001-03:002015-03-01T06:18:28.480-03:00<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCFenrGr0tYQ5Ha1MIC7Fu438d81fcC41maWnBimLFo00-g4bYS9zhxxBw6hGUeYSA8aNBl6S-jsnrQc6kWkC4fFiHLkXeepIEMa-p600YJA8yAcb7FJsKDmcQgaXrBzcXM0BJZtwG5RYz/s1600/01.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCFenrGr0tYQ5Ha1MIC7Fu438d81fcC41maWnBimLFo00-g4bYS9zhxxBw6hGUeYSA8aNBl6S-jsnrQc6kWkC4fFiHLkXeepIEMa-p600YJA8yAcb7FJsKDmcQgaXrBzcXM0BJZtwG5RYz/s1600/01.1.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Foto: Vilmar Tavares<br />Acervo Carlos Cogoy</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>VILMAR TAVARES</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
POR CARLOS COGOY</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Mago das imagens, autêntico na amizade, irrepreensível exemplo de colega, parceiro dedicado a Jacira. Talentoso contraponto à mesmice, rebelde à “linha-de-montagem” que embrutece, avesso ao esnobismo, inquieto artesão do riso fraternal. Mago dos gestos inusitados, danças descompassadas, habilidoso “mestre-sem-cerimônia”, constantemente citando Heráclito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvyCvi9_BSLDhnme9uFIKnsmoIIVEcewj70VAYqS59f0T8q4duKQzoCIGw82oA45srByDtJ5b4RuuWZkv7UX8fd6FSB8oNb_I3O6EKP4JtLIzTnPLdpAQext4Q_7H6iOjYBsCzScd95iNf/s1600/00.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvyCvi9_BSLDhnme9uFIKnsmoIIVEcewj70VAYqS59f0T8q4duKQzoCIGw82oA45srByDtJ5b4RuuWZkv7UX8fd6FSB8oNb_I3O6EKP4JtLIzTnPLdpAQext4Q_7H6iOjYBsCzScd95iNf/s1600/00.1.jpg" height="276" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Foto: Vilmar Tavares<br />Acervo: Carlos Cogoy</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Filho do Messias, “homem-guri”, semblante tolerante diante de alguma rotineira demonstração de tolice. Inteligência genuína, capaz de ver além, aquém, alguém? Artesão do olhar abençoado. Iluminado poeta que flagra versos sob as entranhas do cotidiano utilitário, escava rimas no entulho interesseiro, consumista e individualista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM7Sj3z8_gJ8eG27Gu6ZXhB4RTi2S4aDgEYJcEuwMjT_HCpfsh9ID1wpKLZyfTgg7BBICN0ZZphkPpEoPK1elJ4nr38vCy7uSz93Yzw_jqchQ2sDD8n__cms5dnvW3XZGqo7oBsVwXRjXY/s1600/02.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM7Sj3z8_gJ8eG27Gu6ZXhB4RTi2S4aDgEYJcEuwMjT_HCpfsh9ID1wpKLZyfTgg7BBICN0ZZphkPpEoPK1elJ4nr38vCy7uSz93Yzw_jqchQ2sDD8n__cms5dnvW3XZGqo7oBsVwXRjXY/s1600/02.1.jpg" height="306" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Foto: Vilmar Tavares<br />Acervo: Carlos Cogoy</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Homenagem ao cara, colega e amigo que, muito além do jardim de imagens, deixou sua inesquecível presença. Alquimista na arte de viver, com pouco, com muita... gana. Filósofo prenhe de voos sem dogmas e prisões, dançarino cuja coreografia nos espia a cada amanhecer...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-86358567995967648792014-07-31T13:06:00.003-03:002015-09-04T18:25:27.765-03:00<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCvQV5u6-UpzUv8c-miHvnD_1M75aasDIvpqAhItBc8y8b6EkkMb7YZRaVTohYjbvXMQSRF1YXE9TQGliHem4X39d16sHrniSL0NcBYQ-MheDMQC01kuinYn022-f8O3vC-XjVeYgiVYuV/s1600/00.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCvQV5u6-UpzUv8c-miHvnD_1M75aasDIvpqAhItBc8y8b6EkkMb7YZRaVTohYjbvXMQSRF1YXE9TQGliHem4X39d16sHrniSL0NcBYQ-MheDMQC01kuinYn022-f8O3vC-XjVeYgiVYuV/s1600/00.1.jpg" /></a></div>
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b><br /></b></span><span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Encantamento </b></span><br />
<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>no poço lúbrico da memória</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
Por Carlos Cogoy</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Uma vez, chegara ao confessionário da Matriz e dissera ao padre, de maneira a ser ouvido pelas beatas em volta: não me arrependo de ser pecador – sabe? -; e, por isso, não me importo de te mandar daqui mesmo pra puta que te pariu. Antes havia metido a mão por baixo do vestido de veludo da Virgem – e descobrira, aos berros, que a santa era só uma armação de madeira por dentro, com pés, cabeça e mãos de louça! E desde muito vinha mastigando hóstias, mantendo-as na boca mastigadas, trazendo-as mastigadas para casa, num lenço e – rindo com naturalidade daquilo.” Trecho do conto “La folie et l’amour” que o abre o volume cujo lançamento acontecerá hoje na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP). No conto, Aldyr Garcia Schlee expõe alguns dos eixos recorrentes no livro “Memórias de o que já não será” (213 páginas) – publicação da editora “Ardotempo”. No primeiro conto, ao narrar sobre tio “herege”, estão abordagens como a memória que evoca produtos, aparelhos e marcas, bem como a declarada “criação” acerca de pretensa “deslembrança”. Também a conotação lúbrica, que confidencia desejos e peripécias de alcova. Nos textos também o viés provinciano, e as alegorias que misturam imaginação e personagens históricos. A estética literária de Schlee manifesta-se através da prosa que dança, brinca com o leitor, aparece, esconde-se e ressurge. O fluxo tem certa circularidade, o que “gruda” na mente que lê, e consagra o contista como um “baita inventor de tempos e gentes”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
ENCANTAMENTO - Jacinto e Marita chegam no rancho de Doña Celeste. Jacinto segue e Marita fica com a benzedeira. No conto “De Encantamento (e milagres)”, o autor apresenta simpatia da rezadeira. E Jacinto, seguindo os ditos, ficará rico. Mas, o matuto não atina sobre a dinheirama. Riqueza é outra coisa, o mundo está assim. Ricos já o são e não há o que questionar. Já Marita sofre de um silêncio. Fica para ser curada pela benzedeira. O perigo é que a alma deixe o corpo. E Marita, como saber, soltará o pássaro preso na gaiola?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
POÇO dialoga com a órfã. Mãe sem posses para criar, e a menina segue para os cuidados da madrinha. Falta abraço, falta a mãe. Vai chegar, manda recados. Em “Conto com um poço”, o pai apunhalado num entrevero de carreira. Como noutros contos do autor, felizmente não se envereda pelo “frio” como algo além da momentânea baixa temperatura, e a opção de Schlee é o calorão e o solaço. Nada demais, portanto, apenas clima.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
LUBRICIDADE permeia a quase totalidade dos contos. Em “A Rosaura de Latorre”, a pródiga e talentosa amante, capaz de curar impotentes como o ex-presidente Latorre e o artista Carlos Escayola, pai de Gardel. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
MEMÓRIA na paixão de “Seo Clodomiro” pela locomotiva 153, e pela quentura despertada pela mulata Olinda. Segredo, silêncio e as inúmeras estações ferroviárias da região no conto “Paixão pela 153”. Já o conto “Achados e perdidos”, que fecha o volume, labirinto de citações. E a frase rabiscada num banheiro aparece em Garcia Márquez. E Schlee pergunta: “Bah! E como encarar a realidade, senão percebendo que todos pensamos enganá-la, todos pensamos enganar a realidade; mas não enganamos a ficção?”.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3849036696338994290.post-25653631409972875682014-06-15T07:07:00.000-03:002015-09-04T18:03:25.998-03:00<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ5hr3XWYbJrrNJYOtQuHSJB5FuS6qwsJNozThR5mQ7ZTie5QRprEf13ZVprQ2ZolSxmdm44Wb38O35P3i9DRtBL5n7NxfoBHuiPbMtmQ603ghroZ2_JlhGDTwfw5Je5yx1eX9d0C_YDvK/s1600/03.1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ5hr3XWYbJrrNJYOtQuHSJB5FuS6qwsJNozThR5mQ7ZTie5QRprEf13ZVprQ2ZolSxmdm44Wb38O35P3i9DRtBL5n7NxfoBHuiPbMtmQ603ghroZ2_JlhGDTwfw5Je5yx1eX9d0C_YDvK/s1600/03.1.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<span style="color: #990000; font-size: large;"><b>Obdulio Varela</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Do Diário La Opinión</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNSTXL7fF9fzLy-v1-BzbRiLbBCaGuVZTDljjlFvkqzBJad5vItVBzDQqetj5va7ggFWzmlXNlHrIQpQ622_QuYQ8qp44HfWxemKzQPeKmlCYRj8dM_qdIZ3hF_KcIjk76sfsgqEDctmts/s1600/09.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNSTXL7fF9fzLy-v1-BzbRiLbBCaGuVZTDljjlFvkqzBJad5vItVBzDQqetj5va7ggFWzmlXNlHrIQpQ622_QuYQ8qp44HfWxemKzQPeKmlCYRj8dM_qdIZ3hF_KcIjk76sfsgqEDctmts/s1600/09.JPG" width="159" /></a></div>
<br />
Obdulio Varela encarnava a raça uruguaia. O capitão é o símbolo maior da postura aguerrida que tanto marca a Celeste. E sua atuação na final da Copa de 1950 é uma das mais emblemáticas já ocorridas no futebol. ‘El Jefe Negro’ não venceu o Brasil no talento, mas na mente. Experiente, conduziu um time jovem a não temer o furor de 200 mil torcedores e os prognósticos pessimistas. Esfriou o Maracanã depois que Friaça abriu o placar, permitindo a virada dos charruas. O bicampeonato mundial, tão dolorido aos brasileiros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas engana-se quem pensa que Varela se orgulhava do feito. Pelo contrário. A tristeza que assolou o Rio de Janeiro abateu o capitão. “Percebi como aquele povo era bom. Como aquilo era importante para eles”, confessou certa vez ao escritor Eduardo Galeano. No dia 16 de julho de 1972, exatos 22 anos depois da marcante final, o uruguaio concedeu longa entrevista ao jornalista Osvaldo Soriano, do diário ‘La Opinión’. Na ocasião, falou sobre o espírito de luta do Uruguai para vencer aquele jogo. Mas também do arrependimento pelas consequências, admitindo a vontade de marcar até um gol contra. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando fizemos o segundo gol, o de Ghiggia, não podíamos acreditar. Campeões do mundo, nós, que vínhamos jogando tão mal! No fim da partida, estávamos como loucos. No Brasil, havia dor. Era uma desolação.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jzrGyp_YEb6euN7vdN_WuwUpkWbhA1-P_IA85o-tBhPLj78Odn_4KoPcZ1W2kHwXkJ0I96Ee3DQq9C5xScRIQVHcqds3VkQguTf5YK9MvBJ8vVSiOzfNf7IM6u_PkiThtCJczWGt7WxN/s1600/12.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jzrGyp_YEb6euN7vdN_WuwUpkWbhA1-P_IA85o-tBhPLj78Odn_4KoPcZ1W2kHwXkJ0I96Ee3DQq9C5xScRIQVHcqds3VkQguTf5YK9MvBJ8vVSiOzfNf7IM6u_PkiThtCJczWGt7WxN/s1600/12.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesta noite, sai com meu massagista para ir a um bar tomar algumas cervejas e caímos no de um amigo. Não tínhamos um só cruzeiro e pedimos fiado. Fomos a um canto beber e daquele ponto olhávamos as pessoas. Estavam todos chorando. Parecia mentira: todo mundo tinha lágrimas nos olhos. De imediato, vejo entrar um grandalhão que parecia desconsolado. Chorava como um bebê e dizia: “Obdulio ganhou a partida contra nós” e chorava mais. Eu o olhava e me lastimava. Eles haviam preparado o maior carnaval do mundo para essa noite e nós havíamos arruinado. Segundo esse homem, eu havia arruinado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu me sentia mal. Dei-me conta que estava amargurado como ele. Seria lindo ter visto esse carnaval, ver como as pessoas se alegravam com uma coisa tão simples. Nós havíamos arruinado tudo e não havíamos ganhado nada. Tínhamos um título, mas o que era isso diante de tanta tristeza? Pensei no Uruguai. Ali, as pessoas estariam felizes. Mas eu estava no Rio de Janeiro, no meio de tantas pessoas infelizes. Lembrei-me da minha fúria quando fizeram o gol, da minha raiva, que agora não era minha, mas me doía.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFbp7bYyV7SlgpeFkgppkm1l5OrzT46uTgWKbUPSlEt49cdaqgpxdMHkNMQU5XkxWZ3dh6_on6vdSkAF9xReYQc4iQ3VDlIkyBcVVTXgx9PVg0j0WqeeCSIvwdbhW8vxjRMN8N40xRblS1/s1600/13.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFbp7bYyV7SlgpeFkgppkm1l5OrzT46uTgWKbUPSlEt49cdaqgpxdMHkNMQU5XkxWZ3dh6_on6vdSkAF9xReYQc4iQ3VDlIkyBcVVTXgx9PVg0j0WqeeCSIvwdbhW8vxjRMN8N40xRblS1/s1600/13.jpg" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O dono do bar se aproximou de nós com o grandalhão que chorava. Ele disse: “Sabe quem é esse? É Obdulio”. Eu pensei que ia me matar. Mas me olhou, me deu um abraço e seguiu chorando. Depois de um tempo me disse: “Obdulio, poderia beber conosco? Queremos esquecer, sabe?”. Como eu ia dizer que não! Estivemos a noite toda bebendo nos bares. Eu pensei: “Se tenho que morrer nesta noite, que seja”. Mas estou aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se tivesse que jogar outra vez essa final, faria um gol contra, sim senhor. Não, não se assombre. A única coisa que conseguimos ao ganhar esse título foi dar brilho aos dirigentes da Associação Uruguaia de Futebol. Eles se deram medalhas de ouro e aos jogadores deram umas de prata. Você crê que alguma vez concordaram em festejar os títulos de 1924, 1928, 1930 e 1950? Nunca. Os jogadores que participaram daqueles campeonatos se reúnem agora por nossa conta, sempre no dia 18 de julho, que é feriado nacional. Festejamos por nossa conta. Não queremos nem contato com os dirigentes.</div>
Américashttp://www.blogger.com/profile/02315255697757074174noreply@blogger.com